PANDORAMA Revista 6.19

Abstract

Num caminho tortuoso, o que nós da Pandorama ousamos mirar é na "fazeção" de linguagens artísticas como outro caminho possível no acontecer da conversa. Perceber e experimentar a arte enquanto espaço de desmedida falatória, de transbordamento vocabulístico, de formulação de ideias a serem inteligidas por outros acessos subjetivos e que cheguem à escuta humana. Uma escuta-intuição, permeada por afetações, percebida pelo corpo inteiro, e não só pelos ouvidos. Um aperceber que desestabilize a consciência de maneira a permitir acesso ao invisível, ao inconsciente. Conduzindo a percepção para um outro território de existência, sem que essa desorganização torne-se perdição, mas reorganize a experiência ultrapassando a fala. E assim, seja produzida pela arte para além da língua, numa composição em espaço de dizeres intensos e pouco localizados no vocabulário. A linguagem através da arte será, talvez, essa possibilidade outra de comunicação que, sem se usar da gramática, chega ao sujeito através dos olhos, do tato, da imaginação, das sensações que podem ser desencadeadas em cada corpo que com ela se encontram. Provocando uma escuta-outra das mesmas palavras cotidianas e despertando o corpo para a possibilidade de criação de vocabulários menos fixados na linguagem, com mais conjugações possíveis.