Padrão Nuclear Pontilhado Fino Denso No Exame De Fator Antinúcleo: Contexto Laboratorial, Demográfico E Geográfico

Data
2017-01-19
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Background: The nuclear dense fine speckled (DFS) pattern observed in the antinuclear antibody (ANA) assay is strongly associated with autoantibodies to the DFS70 protein. This pattern is rarely seen in systemic autoimmune rheumatic diseases, but it is not uncommon in apparently normal individuals who may present this autoantibody in high titer. Aims: To contribute to the understanding of the laboratory, demographic and geographic context associated to DFS pattern. Methods: From January 2006 to December 2013, DFS pattern ANA reports were screened in the database of a large clinical laboratory. We collected information about gender, age (demographic analysis), geographical origin (residential ZIP code), period of the year in which the exam was collected, medical specialty that requested the ANA test and 45 laboratory parameters related to various biological systems and functions. This information was available in the laboratory database. The information obtained for DFS pattern was confronted with other nine patterns: nonreactive (NRE), nuclear homogeneous (Ho), nuclear quasi-homogeneous (QH), nuclear fine speckled and stained plate (FSpl), nuclear coarse speckled (CS), centromeric (C), nuclear fine specled (FS), nucleolar (No) and other patterns (Miscellaneous). Only cases with titer higher or equal to 1/320 were considered, in addition to all NRE results. Furthermore, anti-DFS70 antibodies temporal stability was evaluated over the eight-year study. This longitudinal data was compared to the response associated with the Ho and CS patterns. Results: 290,470 ANA results were analyzed, with the following distribution: DFS (17,994; 6.2%); Ho (2,115; 0.7%); CS (1,798; 0.6%); C (1,848; 0.6%); FS (12,537; 4.3%); No (1,641; 0.6%); Miscellaneous (7,416; 2.6%); NRE (232,933; 80.2%); QH (5,051; 1.7%); and FSpl (7,137; 2.5%). Higher frequency of males was observed in DFS ANA pattern in comparison to Ho, CS, C, FS, QH and FSpl patterns (15.1% vs. 11.1%, 7.7%, 5.4%, 9.8%, 10.4%, 11.7%, respectively; p<0.001). The DFS group was associated with younger individuals (40.6 ± 14.5 years) than the other groups evaluated (43.7 ± 17.3 to 55.5 ± 14.9; p <0.001), except in relation to the CS pattern (40.9 ± 14.4; p=0.566). Lower frequency of abnormal laboratory profile was observed at DFS ANA pattern in comparison the other patterns: Hemoglobin (90.3% vs. 72.1% to 89.9% for other patterns; p<0.001); CRP (90.8% vs. 76.8% to 90.4%; p<0.001); Free T4 (89.9% vs. 84.9% to 88.4%; p<0.001); Ferritin (67.1% vs. 53.9% to 66.0%; p<0.001); Creatinin (98.6% vs. 93.3% to 97.4%; p<0.001); Total leukocytes (94.1% vs. 78.7% to 93.1%; p<0.001); Total cholesterol (85.3% vs. 81.8% to 90.8%; p <0.001); CH50 (86.7% vs. 60.6% to 88.8%; p<0.001). Most of the reagent ANA results (34.7%) were observed in the Center-West region, even in relation to the DFS pattern (8.9%). Among the states with the highest percentage of cases evaluated, São Paulo showed results above the expected for DFS pattern (8.1% against the national average of 6.2%) and Rio Grande do Sul showed results above the expected for NRE ANA (84.9% against the national average of 80.0%). Regarding the medical specialist who requested the ANA test for the first time, a higher frequency of reagent ANA was observed for tests requested by rheumatologists (30.5%) and higher frequency of NRE ANA was observed for tests requested by cardiologists (85.0%). The same was observed for the DFS pattern: 8.8% of all DFS ANA were requested by Rheumatologists (higher than expected) and 5.9% by Cardiologists (lower than expected). Longitudinal analysis showed that DFS pattern presented a higher temporal stability (79.8%) than the Ho pattern (50.2%, p<0.001), but similar to the CS pattern (78.1%, p=0.439). DFS pattern also depicted good stability in titer (91.3%), but slightly lower than the CS pattern (98.3%, p<0.001). Conclusions: The DFS pattern is associated with young age and the male gender. The DFS pattern represents a temporally stable humoral response and maintains high titers. No consistent underlying laboratory abnormality was associated with the DFS ANA pattern. On the contrary, the laboratory profile related to the DFS individuals demonstrated a higher frequency of normal range results, resembling results observed for non-reactive ANA individuals and definitely distinct from those with other ANA patterns, mainly those with patterns associated with DRAI (Ho and CS patterns), especially for inflammatory markers and complement system. Our data also suggested the involvement of environmental factors in the response associated with the DFS70 pattern.
Contexto: O padrão nuclear pontilhado fino denso observado no exame FAN - Pesquisa de Autoanticorpos Anticélula é fortemente associado à presença de autoanticorpos contra a proteína DFS70 e raramente é observado em indivíduos com doença reumática autoimune sistêmica. Entretanto, não é incomum o encontro de anticorpos anti-DFS70 em níveis séricos altos e persistentes em indivíduos aparentemente normais. Objetivo: Contribuir para o entendimento do contexto laboratorial, demográfico e geográfico associado ao padrão nuclear pontilhado fino denso no exame FAN - Pesquisa de Autoanticorpos Anticélula. Métodos: Trata-se de um estudo de campo, retrospectivo, baseado no rastreamento de laudos de FAN emitidos entre janeiro de 2006 a dezembro de 2013 em um laboratório clínico de grande porte. Foram avaliadas as informações de gênero e idade (para análise demográfica), procedência geográfica atestada pelo código de endereçamento postal (CEP residencial), período do ano em que o exame foi colhido, especialista médico solicitante do exame FAN e 45 parâmetros laboratoriais referentes a diversos sistemas e funções biológicas. Essas informações estavam disponíveis no banco de dados do laboratório. Os dados obtidos para os indivíduos com o padrão nuclear pontilhado fino denso no FAN foram comparados aos de indivíduos com outros nove padrões, a saber: não reagente (NRE), nuclear homogêneo (Ho), nuclear quasi homogêneo (QH), nuclear pontilhado fino corando a placa metafásica (PFpl), nuclear pontilhado grosso (PG), centromérico (C), nuclear pontilhado fino (PF), nucleolar (Nu) e outros padrões (Miscelânea). Para os padrões de FAN que não o NRE, foram considerados apenas casos com títulos maiores ou iguais a 1/320. Além disso, foi avaliada estabilidade temporal dos anticorpos anti-DFS70 ao longo dos oito anos de estudo, comparando-se com a resposta associada aos padrões Ho e PG. Resultados: 290.470 resultados de FAN foram analisados, com a seguinte distribuição: PFd (17.994; 6,2%); Ho (2.115; 0,7%); PG (1.798; 0,6%); C (1.848; 0,6%); PF (12.537; 4,3%); Nu (1.641; 0,6%); Miscelânea (7,416; 2,6%); NRE (232.933; 80,2%); QH (5.051; 1,7%); e PFpl (7.137; 2,5%). Foi encontrada maior prevalência de homens no grupo PFd em relação aos grupos Ho, PG, C, PF, QH e PFpl (15,1% vs. 11,1%, 7,7%, 5,4%, 9,8%, 10,4%, 11,7%, respectivamente; p<0,001). O grupo PFd foi associado a indivíduos mais jovens (40,6±14,5 anos) que os demais grupos avaliados (43,7±17,3 a 55,5±14,9; p<0,001), exceto em relação ao grupo PG (40,9±14,4; p=0,566). Os indivíduos do grupo PFd apresentaram maiores porcentagens de valores dentro da faixa de normalidade estabelecida para grande parte dos parâmetros laboratoriais analisados em comparação aos outros padrões: Hemoglobina (90,3% vs. 72,1% a 89,9% nos diversos outros padrões; p<0,001); PCR (90,8% vs. 76,8% a 90,4%; p<0,001); T4L (89,9% vs. 84,9% a 88,4%; p<0,001); Ferritina (67,1% vs. 53,9% a 66,0%; p<0,001); Creatinina (98,6% vs. 93,3% a 97,4%; p<0,001); Contagem global de leucócitos (94,1% vs. 78,7% a 93,1%; p<0,001); Colesterol total (85,3% vs. 81,8% a 90,8%; p<0,001);Complemento total (86,7% vs. 60,6% a 88,8%; p<0,001). A maior parte dos resultados de FAN reagentes (34,7%) foi observada na região Centro-Oeste, inclusive em relação ao padrão PFd (8,9%). Dentre os estados com maior porcentagem dos casos avaliados, São Paulo destacou-se com frequência de resultados acima do esperado para casos reagentes com o padrão PFd (8,1% contra média nacional de 6,2%) e o Rio Grande do Sul com frequência de resultados acima do esperado para casos NRE (84,9% contra média nacional de 80,0%). Em relação aos especialistas médicos que solicitaram o exame de FAN pela primeira vez, foi observada maior frequência de resultados reagentes por clínicos relacionados à Reumatologia (30,5%) e maior frequência de resultados não reagentes por clínicos relacionados à área de Cardiologia (85,0%). O mesmo foi observado para o padrão PFd, ou seja, 8,8% dos resultados PFd foram solicitados por Reumatologistas (frequência acima do esperado) e 5,9% por Cardiologistas (frequência abaixo do esperado). A análise temporal mostrou que o padrão PFd apresenta maior estabilidade (79,8%) que o padrão Ho (50,2%, p<0,001) e assemelha-se ao padrão PG (78,1%, p=0,439). Ademais, mantém também boa estabilidade de título (91,3%), embora menor que a do padrão PG (98,3%, p<0,001). Conclusões: O padrão PFd está associado a indivíduos jovens e ao gênero masculino. A resposta associada ao padrão PFd é estável ao longo do tempo e mantém altos títulos. Nenhuma anormalidade laboratorial específica foi associada ao padrão PFd. Pelo contrário, o perfil laboratorial desses indivíduos demonstrou maior frequência de resultados dentro da faixa de normalidade, semelhantes aos resultados observados para indivíduos com FAN não reagente e distanciando-se daqueles com resultados de FAN reagente, principalmente com padrões associados à DRAI, como os padrões Ho e PG, especialmente para marcadores inflamatórios e do sistema complemento. Os dados apurados sugerem ainda o envolvimento de fatores ambientais na resposta associada ao padrão PFd.
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