Efeitos da privação materna no dia 11, associada a um estressor pontual, sobre a emocionalidade e monoaminas cerebrais em ratos Wistar machos e fêmeas adultos
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Data
2017-09-28
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
A privação materna (PM) por 24 horas durante o período de hiporresponsividade ao estresse desinibe as glândulas adrenais do neonato, tornando-as aptas a liberarem altas concentrações de corticosterona em resposta a estímulos estressores. Um estresse pontual e brando, como uma injeção de salina, produz secreção de corticosterona intensa e sustentada, por pelo menos 2 h, apenas em neonatos submetidos à PM. Assim, testamos a hipótese de que um estresse (injeção de salina), 2 h antes do término da PM imposta no dia pós-natal (DPN) 11 poderia alterar os comportamentos do tipo-ansioso, depressivo e social, resposta de estresse e monoaminas cerebrais de ratos machos e fêmeas na idade adulta. O comportamento maternal também foi avaliado em três horários após a reunião das ninhadas com suas mães ou após o estresse pontual. Os animais foram testados no novelty-suppressed feeding, testes de contraste positivo e negativo de sacarose, investigação social e labirinto em cruz elevado (LCE). Amostras de sangue foram coletadas em diferentes intervalos de tempo após o LCE para a determinação das concentrações plasmáticas de corticosterona (CORT). Uma quarta parte dos animais não foi testada, fornecendo amostras basais para as concentrações de CORT e de monoaminas cerebrais analisadas no hipotálamo (HPT), córtex frontal (CF), amígdala (AMG), hipocampo ventral (HV) e dorsal (HD). Os resultados mostraram que a PM produziu aumento mais robusto sobre os comportamentos maternos (principalmente logo após a reunião das ninhadas com suas mães) do que a injeção de salina. Na idade adulta, os animais submetidos à PM independente do sexo, apresentaram redução do comportamento alimentar e alteração do comportamento ansioso no novelty-suppressed feeding, representado pela menor latência para consumo de alimento durante o teste. A injeção de salina interagiu com a PM produzindo redução da exploração do rato-alvo no teste de investigação social, independente do sexo. Em relação à resposta de estresse após o LCE, a privação materna aumentou a magnitude da liberação de CORT em machos e fêmeas, contudo, a injeção de salina apresentou efeito apenas em fêmeas, demonstrado pela maior magnitude da resposta quando comparada aos animais que não receberam salina. Por fim, as manipulações neonatais produziram efeitos sobre as concentrações de monoaminas cerebrais em condições basais: em fêmeas a PM diminuiu as concentrações de dopamina na AMG e aumentou as concentrações de noradrenalina no CF, enquanto que a injeção de salina diminuiu as concentrações de serotonina no HPT. Em machos, a PM acarretou efeitos apenas no sistema serotoninérgico, reduzindo suas concentrações no córtex e no hipotálamo. Em contrapartida, a PM e a injeção de salina interagiram produzindo alterações nas concentrações de dopamina na AMG, CF, HV e HD. Concluímos, portanto, que apenas a PM induz um aumento de dois comportamentos maternais de forma pontual: o ABN e LGA. A privação materna no DPN 11 não produziu efeitos sobre o comportamento ansioso, depressivo e social, mas afetou a resposta de estresse. A injeção de salina durante a privação afetou notavelmente a resposta de estresse de animais de ambos os sexos, bem como interagiu com a privação causando alterações dopaminérgicas em machos. Estes resultados demonstram, portanto, que um desafio brando durante o período neonatal pode causar alteração na programação biológica da resposta de estresse, e que, caso este desafio seja enfrentado durante a ausência de cuidados maternais, ocasiona alteração na disponibilidade de dopamina no cérebro de machos, mas não de fêmeas – sugerindo um claro dimorfismo sexual.
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Citação
CABBIA, Rafael. Efeitos da privação materna no dia 11, associada a um estressor pontual, sobre a emocionalidade e monoaminas cerebrais em ratos Wistar machos e fêmeas adultos. São Paulo, 2017. [98] p. Dissertação (Mestrado em Psicobiologia) - Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2017.