Sensibilização A Alérgenos Inalatórios E Alimentares Em Crianças E Adolescentes Brasileiros Atópicos Pela Mensuração In Vitro De Ige Específica - Proteínas Totais E Componentes - Projeto Alergia Ii

Nenhuma Miniatura disponível
Data
2017-07-04
Autores
Lago, Carolina Sanchez Aranda [UNIFESP]
Orientadores
Sole, Dirceu [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Background: Allergic sensitization can be defined as the presence of specific immunoglobulin E (IgE) to an allergen in an individual, and its clinical relevance is associated with the presence of symptoms. It is a key tool in correlating the etiology of allergic disease. The first Brazilian Allergy Project (PROAL I) was created in 2004 with the propose of evaluating the prevalence of sensitization of the main allergens among Brazilian allergic children. This knowledge allowed to evaluate the best practices for the management of Brazilian allergic diseases. Increased number of allergy research and advancement in molecular biology made it possible to prove that the sensitization may function as a marker of allergy persistence. In addition, the presence of two or more allergic diseases in the same patient, the so-called multimorbidity, can also act as a predictive tool of gravity, helping in prevention and treatment measures. After a 12-year interval, a new evaluation was performed to estimate the prevalence trends of allergic sensitization of the Brazilian pediatric allergic population (PROAL II). Objectives: To assess the pattern of allergic sensitization of atopic patients followed in different pediatric allergy services in Brazil, by measuring specific IgE serum for major allergens and their respective components, to relate the results to data obtained from the patient's medical history and to health children and still compare them to the results of the previous study (PROAL I). Methods: A cross-sectional study with the participation of eleven Brazilian Pediatric Allergy Centers. Patient information (related to allergic diseases, severity, family history of atopy and presence of pets) and blood sample for specific IgE measurement (SIgE) for Dermatophagoides pteronyssinus (Dp); Dermatophagoides farinae (Df); Blomia tropicalis (Bt); Cat, horse, cow and dog epithelium; grass mix; fungi mix; Periplaneta americana; Ascaris lumbricoides; egg; cow milk (CM); fish; wheat; corn; peanut; soy; shrimp, cashew nuts, and nuts mix. Depending on the positivity of the total proteins (> 0.1 kUA/L), the respective components of D. pteronyssinus were quantified; egg; CM; fish; wheat; peanut; soy and shrimp. Participants were divided into 5 groups according to the major disease. For comparison with PROAL I, the analytical methods were similar, however the positivity for allergic sensitization was > 0.35 kUA/L, similar to the previous study. Results: 470 participants were divided into groups: 1 (rhinitis and/or asthma; n=111, higher prevalence of sensitization and SIgE mean was Dp - 87.4% and 44.3 kUA/L); 2 (atopic dermatitis; n=99, higher prevalence of sensitization and SIgE mean was Dp - 90.9% and 64.7 kUA/L); 3 (food allergy, n=95, higher prevalence of sensitization was to CM - 84.2% and higher SIgE mean was Dp 27.4 kUA/L); 4 (wheezing infants, n=80, higher prevalence of sensitization and mean SIgE was Dp - 32.5% and 2.9 kUA/L) and 5 (no medical history of allergy; n=85, higher prevalence of sensitization was to Bt - 52.4% and higher SIgE mean was Dp 11.3 kUA/L). The most prevalent components were Der p 1 and 2 and shrimp tropomyosin. 47.7% (224) of the children were female, while 52.3% (246) of the male (p>0.01). It was observed that 188 patients (48.8%) presented multimorbidity. There was a greater risk of severity of the disease in the groups of atopic dermatitis and food allergy, as well as in the presence of multimorbidity. Monosensitization was considered a protection factor in this evaluation. Compared with the previous study, the samples were similar in number (PROAL I=519 vs PROAL II=470), sex and age in both studies. There was a significant increase in sensitization between the studies (PROAL I vs PROAL II) for the cat (12.3% vs 29.9%), peanut (14.7% vs 20.5%), corn (10.9% vs 16.9%), milk (20.4% vs 31.9%), grass (10.7% vs 22.6%), dog (8.1% vs 40.3%), cow (11.4 vs 29.9%) and horse (4.6% vs 13.2%) (p<0.05). There was no increase for D. pteronyssinus (67.8% vs 63.9%), D. farinae (66.5% vs 63.9%), B. tropicalis (57.1% vs 57.4%), wheat (20.1% vs 23.4%) or soy (12.3% vs 15.8%). Conclusions: Studies on the sensitization pattern of a population provide tools for prevention, diagnosis and treatment with greater effectiveness. Sensitization for furry animals, but not for dust mites, increased in 12 years in this study. To our knowledge, this was the first Brazilian study to evaluate the polysensitization and the presence of multimorbidity in atopic children and the relevance of these factors, mainly in the severity of the diseases. Life style changes in dietary habits and indoor exposure to pet might have contributed to these changes. The management of children who present simultaneously different allergic diseases, as well as those that are polysensitized must be differentiated for therapeutic success. The knowledge about the major allergens involved in the sensitization of allergic patients is the first step to achieve a precision treatment for them.
Introdução: A sensibilização alérgica pode ser definida como a presença de imunoglobulina E (IgE) específica a determinado alérgeno em um indivíduo, sendo que sua relevância clínica está associada à presença de sintomas. O primeiro Projeto Brasileiro de Alergia (PROAL I) foi criado em 2004 com o objetivo de avaliar a prevalência de sensibilização aos principais alérgenos entre crianças alérgicas brasileiras. Este conhecimento permitiu verificar as melhores práticas para o manejo das doenças alérgicas em pacientes pediátricos brasileiros. Com o avanço das pesquisas na área de Alergologia e da Biologia Molecular, foi observado que a presença de sensibilização pode funcionar como um marcador de persistência de alergia. Além disso, a presença de duas ou mais doenças alérgicas num mesmo paciente, a chamada multimorbidade, pode também agir como uma ferramenta preditora de gravidade, ajudando nas medidas de prevenção e de tratamento. Após um intervalo de 12 anos, foi realizada uma nova avaliação para estimar as tendências de prevalência de sensibilização alérgica da população alérgica pediátrica brasileira (PROAL II). Objetivos: Caracterizar o padrão de sensibilização alérgica de pacientes atópicos acompanhados em diferentes serviços de alergia pediátrica no Brasil, pela mensuração de IgE sérica específica para alérgenos principais e respectivos componentes, relacionar os resultados com os dados obtidos da história médica do paciente e com os resultados de crianças sem história de alergia e ainda compará-los aos resultados do estudo anterior (PROAL I). Métodos: Estudo transversal com a participação de onze centros de Alergia Pediátrica brasileiros. Informações sobre os pacientes (relacionados às doenças alérgicas, gravidade, dados sobre história familiar de atopia e presença de animais no domicílio) e coleta de sangue para a mensuração de IgE específica (SIgE) para Dermatophagoides pteronyssinus (Dp); Dermatophagoides farinae (Df); Blomia tropicalis (Bt); epitélio de gato, cavalo, vaca e cão; gramíneas; fungos; Periplaneta americana; Ascaris lumbricoides; ovo; leite de vaca; peixe; trigo; milho; amendoim; soja; camarão, castanha de caju, e castanhas. Na dependência da positividade de IgE específica (SIgE) às proteínas totais dos alérgenos (>0,1 kUA/L), foram quantificados os respectivos componentes do Dp; ovo; leite de vaca (LV); peixe; trigo; amendoim; soja e camarão. Os participantes foram divididos entre cinco grupos de acordo com a doença principal. Para comparação com o PROAL I, os métodos analíticos foram semelhantes, entretanto a positividade para sensibilização alérgica foi SIgE >0,35 kUA/l, à semelhança do estudo anterior. Resultados: 470 participantes foram divididos em grupos: 1 (rinite e/ou asma; n=111, maior prevalência de sensibilização e média SIgE foi ao Dp - 87,4% e 44,3 kUA/L); 2 (dermatite atópica; n=99, maior prevalência de sensibilização e média SIgE foi ao Dp - 90,9% e 64,7 kUA/L); 3 (alergia alimentar; n=95, maior prevalência de sensibilização foi ao LV - 84,2% e maior média de SIgE foi do Dp 27,4 kUA/L); 4 (lactente sibilante; n=80, maior prevalência de sensibilização e média SIgE foi ao Dp - 32,5% e 2,9 kUA/L) e 5 (sem história médica de alergia; n=85, maior prevalência de sensibilização foi ao Bt - 52,4% e maior média de SIgE foi ao Dp 11,3 kUA/L). Os componentes mais prevalentes foram o Der p 1 e 2 e a tropomiosina de camarão. O percentual de meninas participantes do estudo foi de 47,7% (224) e a de meninos 52,3% (246) (p>0,01). Nota-se que 188 pacientes (48,8%) apresentavam multimorbidade. Observou-se maior risco de gravidade da doença nos grupos de dermatite atópica e alergia alimentar, assim como na presença de multimorbidade. A monossensibilização foi considerada um fator de proteção nessa avaliação. Em relação à comparação com o estudo anterior, as amostras foram semelhantes quanto ao número (PROAL I= 519 vs PROAL II= 470), sexo e idade. Houve aumento significativo da sensibilização entre os estudos (PROAL I vs PROAL II) para o gato (12,3% vs 29,9%), amendoim (14,7% vs 20,5%), milho (10,9% vs 16,9%), leite (20,4% vs 31,9%), gramíneas (10,7% vs 22,6%), cão (8,1% vs 40,3%), vaca (11,4 vs 29,9%) e cavalo (4,6% vs 13,2%) (p <0,05). Não houve aumento para D. pteronyssinus (67,8% vs 63,9%), D. farinae (66,5% vs 63,9%), B. tropicalis (57,1% vs 57,4%), P.americana (34,4% vs 31,2%), ovo (24,5% vs 29,4%), trigo (20,1% vs 23,4%) ou soja (12,3% vs 15, 8%). Conclusões: Estudos sobre o padrão de sensibilização de uma população são importantes e funcionam como ferramentas para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das doenças alérgicas. A sensibilização para animais de estimação e de alguns alimentos como o leite de vaca, mas não para ácaros, aumentou em 12 anos nesse estudo. Para nosso conhecimento, esse foi o primeiro estudo brasileiro que avaliou a sensibilização alérgica e a presença de multimorbidade em crianças atópicas e a relevância desses fatores, principalmente sobre a gravidade das doenças. Mudanças no estilo de vida, em especial, nos hábitos alimentares e na exposição aos animais podem ter contribuído para esses resultados. O manejo de crianças que apresentam simultaneamente diferentes doenças alérgicas, como também aquelas que são polissensibilizadas deve ser diferenciado para o sucesso terapêutico. O conhecimento sobre os principais alérgenos envolvidos na sensibilização de pacientes alérgicos é um dos primeiros passos para se estabelecer um tratamento de maior precisão.
Descrição
Citação