Tradução, adaptação transcultural, validação e sugestão de novos pontos de corte no instrumento de avaliação STOP BANG em pacientes brasileiros com apneia obstrutiva do sono

Data
2017-09-28
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Objetivo: Traduzir, adaptar e validar o questionário STOP-Bang para a população brasileira e verificar a adequação do ponto de corte proposto do questionário STOP- Bang à nossa amostra. Método: Foi realizada a tradução-tradução reversa do STOP-Bang. Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, a versão aprovada em português foi utilizada em 10 pacientes com Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) para avaliar sua aceitabilidade e compreensão, que foram consideradas satisfatórias. O questionário foi então aplicado em 71 pacientes submetidos previamente à polissonografia e classificados de acordo com a severidade utilizando o índice de apneia e hipopneia (IAH) segundo a Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono (ICSD-2, 2005), em quatro subgrupos: controle e SAOS leve, moderada e acentuada. As características demográficas, IAH, os itens e a pontuação final do questionário STOP-Bang foram comparados entre grupos. Resultados: A maioria da amostra foi formada por homens na 5a década, de etnia caucasiana com ensino médio completo. Os antecedentes familiares mais comuns foram a SAOS e a hipertensão arterial sistêmica (HAS); e os pessoais foram as doenças pulmonares e a HAS. A medicação de utilização mais comum foi anti- hipertensivo. As mulheres tiveram valores de altura, peso, circunferência do pescoço (CP), IAH e pontuação do STOP-Bang menores do que os homens. A CP maior que 40 cm estava mais presente nos homens. A idade foi menor no subgrupo controle em relação ao subgrupo SAOS moderada. O peso, índice de massa corpórea (IMC) e frequências de ronco e CP maior que 40 centímetros foram maiores no subgrupo SAOS acentuada em relação ao controle. Pontuação STOP-Bang mostrou valor significantemente maior nos grupos com SAOS (mediana/inter-quartis 25-75%: SAOS leve 5/3,5-6, moderada 4,5/4-5, e acentuada 5/4-6) versus controle (mediana/inter-quartis 25-75%: 2,5/1-4). Os subgrupos SAOS moderada e acentuada apresentaram frequência de pausa respiratória maior do que o grupo controle. Houve associação positiva alta entre o STOP-Bang e o peso, CP e o IAH; já com o IMC a associação positiva foi moderada. O IAH obteve correlação positiva moderada com o peso, a CP e o IMC, e correlação positiva baixa com a idade. O STOP-Bang foi maior quando quaisquer umas das variáveis qualitativas estavam presentes (CP, ronco, sonolência, pausa respiratória e HAS), enquanto que o valor do IAH foi maior apenas com as variáveis: CP, ronco e pausa respiratória. A análise das propriedades diagnósticas do questionário STOP-Bang para todos os escores por meio da curva ROC, em cada um dos subgrupos de SAOS isoladamente, sugere que nos subgrupos SAOS leve (IAH 5 a 14,9), moderada (IAH ≥15 a 30) e acentuada (IAH >30), os respectivos escores 3, 4 e 6 no STOP-Bang apresentariam os melhores valores de especificidade e valor preditivo negativo, com valores de sensibilidade aceitáveis. A análise de todos os três grupos de SAOS em conjunto, conforme o valor do IAH (≥5, ≥15 e ≥30) mostra que o ponto de corte geral ideal para detecção da SAOS seria de 6. Conclusão: A versão do questionário STOP-Bang, traduzida, adaptada e validada numa amostra de brasileiros, identificou pacientes com SAOS, porém com menor sensibilidade e maior especificidade em comparação aos estudos internacionais prévios que utilizaram tanto a versão original como a traduzida do STOP-Bang para o diagnóstico da SAOS. O uso de diferentes pontos de corte na versão brasileira do questionário STOP-Bang, em relação ao ponto de corte de 3 proposto originalmente, melhorariam o desempenho para detecção dos pacientes com SAOS mais acentuada.
Objective: Translate, adapt and validate the questionnaire STOP-Bang for the brazilian population and verify the adequacy of the proposed cutoff point of STOP- Bang questionnaire to our sample. Method: The translation-back translation of STOP-Bang was held. After approval by the Research Ethics Committee, the approved version in Portuguese was used in 10 patients with Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) to assess their acceptability and understanding, which were considered satisfactory. The questionnaire was then applied to 71 patients submitted prior to polysomnography and classified according to the severity using the apnea-hypopnea index (AHI) according to International Classification of Sleep Disorders (ICSD-2) (2005) into four groups: control without OSAS and mild, moderate and severe OSAS subgroups. The demographic characteristics, AHI, the items and the final score of the questionnaire STOP-Bang were compared between groups. Results: The sample had a predominance of men in the 5th decade, whites with complete high school education. The most common family complaints were OSAS and hypertension; and personnel complaints were lung diseases and hypertension. The most common medication used was antihypertensive. Women had smaller values of height, weight, neck circumference (NC), AHI and STOP-Bang scores than men. The NC greater than 40 cm was more present in men. The age was lower in control subgroup without OSAS compared to subgroup moderate. The weight, body mass index (BMI), frequency of snoring and NC greater than 40 cm were higher in the subgroup severe compared to control. The STOP-Bang score showed significantly higher value in groups with OSAS (medians/interquartiles 25-75%: OSAS mild 5/3.5-6, moderate 4.5/4-5 and severe 5/4-6) versus control (median/interquartile 25-75%: 2.5/1-4). The moderate and severe subgroups showed respiratory pauses more frequently than the control group. There was a high positive correlation between STOP-Bang with weight, NC and the IAH, and the BMI had a moderate positive correlation. The AHI had moderate positive correlation with weight, NC and BMI, and a low positive correlation with age. The STOP-Bang was higher when any one of the qualitative variables were present (neck circumference, snoring, sleepiness, respiratory pause and hypertension), while the value of AHI was higher only with the variables neck circumference, snoring and breathing pauses. The analysis of the diagnostic properties of the STOP-Bang questionnaire for all scores using the ROC curve, in each of OSAS subgroups alone, suggests that for the OSAS subgroups mild (AHI 5 to 14.9), moderate (AHI ≥15 to 30) and severe (AHI> 30), the respective scores 3, 4 and 6 in the STOP-Bang would present the best values of specificity and negative predictive value, with acceptable sensitivity. The analysis of all three groups of OSAS together – considering the value of the IAH (≥5 , ≥15 and ≥30) shows that the ideal general cutoff for OSAS detection would be 6. Conclusion: The version of the STOP-Bang questionnaire - translated, adapted and validated in a Brazilian sample - identified patients with OSAS, but with lower sensitivity and higher specificity compared to previous international studies that used both the original and the translated version of STOP-Bang for diagnosis OSAS. The use of different cut off points in Brazilian version of the STOP-Bang questionnaire, compared to the cut off point originally proposed of 3, improves the performance for detection of patients with more severe OSAS.
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Citação
NEVES JÚNIOR, Jose Apolinário Silva. Tradução, adaptação transcultural, validação e sugestão de novos pontos de corte no instrumento de avaliação STOP BANG em pacientes brasileiros com apneia obstrutiva do sono. São Paulo, 2017. [95] p. Dissertação (Mestrado em Neurologia/Neurociências) - Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2017.
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