Reconhecimento de padrões atencionais e correlatos neurobiológicos em indivíduos com transtorno do déficit de atenção
Data
2015-11-25
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Currently it is widely known that diagnostic categories, including ADHD (Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder), are quite heterogeneous conditions. In accordance to the Research Domain Criteria approach, the present study aimed to analyze attentional patterns between ADHD of inattentive type and typically development individuals, regrouping the subjects in respect to their attentional performance, regardless of the groups of origin. Possible differences on brain connectivity between the established groups were also explored. A diagnostic traditional analysis comparing ADHD to typically developing individuals was also conducted in order to better delineate the cognitive, behavioral and neurobiological characteristics of the inattentive type. Methods: Recruited participants included 29 ADHD of inattentive type aged 7 to 15 years and 29 typically developed children matched by age, sex and type of school assisted. Latent Class Analysis were applied to reclassify subjects regarding their attentional performance through cognitive (Conners? Continuous Performance Test and digit span backwards) and behavioral measures (Child Behavioral Checklist). Measures of working memory and verbal fluency were also adopted on the categorical analysis. The new classes, as well as diagnostic classes, were compared in respect to white matter measures (fractional anisotropy). Results: Participants were clustered in three new classes regarding their attencional profile. Nonetheless, considering clinical and statistical parameters, analysis were followed selecting a model with two-classes solution: Class 1 - ultra-high risk for attentional problems and Class 2 - normal development of attentional functions. Group comparison in respect to 20 tracts? fractional anisotropy mean values revealed that Class 1 individuals presented increased fractional anisotropy values on left inferior fronto-occipital fasciculus and left inferior longitudinal fasciculus. In what refers to categorical analysis, ADHD individuals, when compared to typically developing ones, revealed higher intraindividual variability, lower processing speed and worse vigilance, selective and sustained attention. When comparison of fractional anisotropy mean values was made between diagnostic categories (ADHD versus typically developing subjects), there were found no evidences of statistically significant differences in respect to the 20 analyzed fiber tracts. Conclusion: The results highlight that even among individuals with same disorder subtype it is possible to identify subsets with more homogeneous neuropsychological profiles, and, subsequently, with underpinning neurobiological differences. It is noteworthy that although the classical categorical approach did not indicate differences in respect to white matter measures between diagnostic groups, when subjects were compared through a more refined analysis - based on dimensions of observable attentional measures - neurobiological differences were found. These data emphasize that specific data-driven clustering allows a better comprehension of some disorders? pathophysiology, what reiterates that brain-behavior relationships may not respect the arbitrary limits imposed by diagnostic classification.
Atualmente, já se reconhece que classificações diagnósticas, como o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), são condições bastante heterogêneas. De forma alinhada à abordagem do projeto Research Domain Criteria, o presente estudo analisou padrões atencionais entre crianças e adolescentes com TDAH subtipo predominantemente desatento e com desenvolvimento típico, reagrupando-os de acordo o seu perfil atencional, a despeito das classificações diagnósticas de origem. Possíveis diferenças nas conexões cerebrais dos novos agrupamentos foram exploradas. Uma análise tradicional categorial, comparando os indivíduos com TDAH aos indivíduos com desenvolvimento típico, também foi realizada com o propósito de delinear as características cognitivas, comportamentais e neurobiológicas do subtipo predominantemente desatento do transtorno. Métodos: Foram selecionados 29 participantes com TDAH subtipo predominantemente desatento, com idade entre 7 a 15 anos, e 29 participantes com desenvolvimento típico, pareados por idade, sexo e tipo de escola frequentada. Para o reconhecimento de padrões atencionais, conduziu-se uma análise de classes latentes, investigando o perfil atencional dos participantes a partir de medidas cognitivas (índices do Conners? Continuous Performance Test e dígitos ordem inversa) e comportamentais (Child Behavioral Checklist). Medidas de memória operacional e fluência verbal também foram utilizadas na análise categorial. As novas classes, bem como as classes diagnósticas, foram comparadas em relação a medidas de substância branca (anisiotropria fracionada). Resultados: Os participantes da amostra foram redistribuídos em três novas classes com base nos perfis atencionais identificados. No entanto, considerando critérios clínicos e estatísticos, deu-se continuidade à análise de reconhecimento de padrões reagrupando os participantes em duas novas classes: classe 1 ? alto risco para problemas atencionais e classe 2 ? desenvolvimento normal das funções atencionais. A comparação dos grupos em relação ao valor médio da anisiotropria fracionada dos 20 tratos considerados revelou que indivíduos da classe 1 apresentaram valores aumentados de anisiotropria fracionada no fascículo fronto-occipital inferior esquerdo e no fascículo longitudinal inferior esquerdo. Em relação à análise categorial, os participantes com TDAH, em comparação àqueles com desenvolvimento típico, apresentaram maior variabilidade intra-sujeito, menor xix velocidade de processamento, e pior desempenho nas medidas de atenção seletiva e sustentada e vigilância, além das medidas de memória operacional verbal. Não foram encontradas diferenças significantes entre os grupos diagnósticos (TDAH e desenvolvimento típico) em relação ao valor da anisiotropria fracionada nos tratos analisados. Conclusão: Os resultados encontrados sinalizam que, mesmo entre indivíduos com um mesmo subtipo do transtorno, é possível identificar subgrupos mais homogêneos em relação ao perfil cognitivo, que, inclusive, podem diferenciar-se em relação às características neurobiológicas. Ressalta-se que as diferenças em relação às medidas de substância branca foram notadas quando os participantes foram comparados a partir de dimensões de medidas atencionais observáveis, mas não quando o foram a partir das classes diagnósticas de origem. Esses dados destacam que agrupamentos direcionados por constructos permitem uma melhor investigação da patofisiologia de condições neuropsiquiátricas, reiterando que relações cérebro-comportamento podem não respeitar limites arbitrários impostos pelas classificações diagnósticas.
Atualmente, já se reconhece que classificações diagnósticas, como o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), são condições bastante heterogêneas. De forma alinhada à abordagem do projeto Research Domain Criteria, o presente estudo analisou padrões atencionais entre crianças e adolescentes com TDAH subtipo predominantemente desatento e com desenvolvimento típico, reagrupando-os de acordo o seu perfil atencional, a despeito das classificações diagnósticas de origem. Possíveis diferenças nas conexões cerebrais dos novos agrupamentos foram exploradas. Uma análise tradicional categorial, comparando os indivíduos com TDAH aos indivíduos com desenvolvimento típico, também foi realizada com o propósito de delinear as características cognitivas, comportamentais e neurobiológicas do subtipo predominantemente desatento do transtorno. Métodos: Foram selecionados 29 participantes com TDAH subtipo predominantemente desatento, com idade entre 7 a 15 anos, e 29 participantes com desenvolvimento típico, pareados por idade, sexo e tipo de escola frequentada. Para o reconhecimento de padrões atencionais, conduziu-se uma análise de classes latentes, investigando o perfil atencional dos participantes a partir de medidas cognitivas (índices do Conners? Continuous Performance Test e dígitos ordem inversa) e comportamentais (Child Behavioral Checklist). Medidas de memória operacional e fluência verbal também foram utilizadas na análise categorial. As novas classes, bem como as classes diagnósticas, foram comparadas em relação a medidas de substância branca (anisiotropria fracionada). Resultados: Os participantes da amostra foram redistribuídos em três novas classes com base nos perfis atencionais identificados. No entanto, considerando critérios clínicos e estatísticos, deu-se continuidade à análise de reconhecimento de padrões reagrupando os participantes em duas novas classes: classe 1 ? alto risco para problemas atencionais e classe 2 ? desenvolvimento normal das funções atencionais. A comparação dos grupos em relação ao valor médio da anisiotropria fracionada dos 20 tratos considerados revelou que indivíduos da classe 1 apresentaram valores aumentados de anisiotropria fracionada no fascículo fronto-occipital inferior esquerdo e no fascículo longitudinal inferior esquerdo. Em relação à análise categorial, os participantes com TDAH, em comparação àqueles com desenvolvimento típico, apresentaram maior variabilidade intra-sujeito, menor xix velocidade de processamento, e pior desempenho nas medidas de atenção seletiva e sustentada e vigilância, além das medidas de memória operacional verbal. Não foram encontradas diferenças significantes entre os grupos diagnósticos (TDAH e desenvolvimento típico) em relação ao valor da anisiotropria fracionada nos tratos analisados. Conclusão: Os resultados encontrados sinalizam que, mesmo entre indivíduos com um mesmo subtipo do transtorno, é possível identificar subgrupos mais homogêneos em relação ao perfil cognitivo, que, inclusive, podem diferenciar-se em relação às características neurobiológicas. Ressalta-se que as diferenças em relação às medidas de substância branca foram notadas quando os participantes foram comparados a partir de dimensões de medidas atencionais observáveis, mas não quando o foram a partir das classes diagnósticas de origem. Esses dados destacam que agrupamentos direcionados por constructos permitem uma melhor investigação da patofisiologia de condições neuropsiquiátricas, reiterando que relações cérebro-comportamento podem não respeitar limites arbitrários impostos pelas classificações diagnósticas.
Descrição
Citação
ROSSI, Adriana Suzart Ungaretti. Reconhecimento de padrões atencionais e correlatos neurobiológicos em indivíduos com transtorno do déficit de atenção. 2015. 110 f. Tese (Doutorado) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2015.