Efeitos da privação de sono em parâmetros de recuperação muscular, após dano induzido por ação excêntrica
Data
2015-12-16
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Introduction: Popularly, sleep is known as an essential issue to maintain muscle physiology, as well as for recovery of its functions after various types of damage, as well as those seen after bouts of exercise. However, it is not known how some variables related to muscle recovery respond under sleep deprivation. Aim: To evaluate if total sleep deprivation for 60 hours, after muscle damage induced by eccentric action, modify de response of some parameters related to muscle recovery, such as: isometric strength, thigh girth, pain perception, pro- and antiinflammatory cytokines, and hormones. Materials and methods: In two separate conditions, with cross-over model and washout of at least four weeks, ten men (age = 24.5 ± 2.9 years; body mass index = 22.7 ± 2.3 kg / m2) performed a unilateral muscle damage protocol for lower limb, comprising 240 eccentric contractions for knee extensor muscles, performed in the isokinetic dynamometer. In the first condition, muscle damage protocol was followed by 60 hours of total sleep deprivation + 12 hours of normal sleep (2 sleep deprivation nights + 1 sleep night - Condition PS). In the second condition, the same protocol for muscle damage was conducted, but followed by 3 nights of normal sleep (Condition S). Blood samples were collected serially throughout the protocol for: creatine kinase (CK), testosterone (T), IGF-1, cortisol (C), tumor necrosis factor (TNF)-alpha, interleukin (IL)-1 beta, IL- 6 receptor antagonist of IL-1 (IL-1ra) and IL-10. After that, it was calculated the 24 h area under the curve (AUC) between hours 24 and 48 after the muscle damage protocol). Results: Peak torque reduced at all times after muscle damage in both conditions (F (4,72) = 70.57, p < 0.001). At hour 36, Condition PS showed lower strength compared to Condition S (p = 0.81, d = 1.3). For serum CK, there was only effect of time (F (5,90) = 17.6, p <0.001), with higher values being observed at hour 60 compared to baseline (p < 0.05). The thigh perimeter did not show significant differences between and within conditions. However, in both conditions, all moments after muscle damage were showed by high effect size in comparison to baseline (d > 1.0) . The pain perception showed only effect of time (F (4,56) = 17.3, p < 0.001), with all moments being higher than baseline, in both conditions (p < 0.05 ). Through the effect size analysis, Condition PS showed higher pain perception at hours 36 (p = 0.9, d = 0.8) and 60 (p = 0.99, d = 0.5). IL-6 and IL-1ra increased from immediately to 2 hours after muscle damage, in both conditions (p < 0.05). When 24-h AUC was analyzed, there was a tendency to increase in IL-6 in the Condition PS, with high effect size (t = -1.97, df = 8, p = 0.08, d = 0.8). The 24-hour AUC showed that IGF-1 (t = -2.76, df = 8, p = 0.02, d = 0.7) and cortisol (t = -7.69, df = 8, p < 0.001, d = 2.7) were higher in the Condition PS, with higher cortisol:testosterone ratio (t = -3.4, df = 8, p = 0.009, d = 1.6). Conclusion: It was concluded that total sleep deprivation during the first two days after muscle damage delays strength recovery and modify hormonal and inflammatory responses, marked by increased levels of cortisol, IGF- 1, and IL 6.
Introdução: Popularmente, o sono é apontado como um momento imprescindível para a manutenção da fisiologia muscular, bem como para recuperação de suas funções após diversos tipos de dano, assim como aqueles observados em resposta ao exercício físico. Entretanto, nenhuma pesquisa avaliou, até o momento, como variáveis relacionadas à recuperação muscular se comportariam mediante a situação de privação de sono. Objetivo: verificar se a privação total de sono por 60 horas, após dano muscular induzido por ação excêntrica, promove alterações modifica o comportamento de parâmetros relacionados à recuperação muscular, tais como: força isométrica, perimetria da coxa, percepção de dor, citocinas pró- e anti-inflamatórias e hormônios. Métodos: Em duas condições distintas, com modelo cross-over e washout de pelo menos 4 semanas, dez homens (idade = 24,5 ± 2,9 anos; índice de massa corporal = 22,7 ± 2,3 kg/m2) realizaram um protocolo de dano muscular unilateral para membro inferior, composto por 240 contrações excêntricas para os músculos extensores do joelho, realizado no dinamômetro isocinético. Na primeira condição, o protocolo de dano muscular foi sucedido de 60 horas de privação total de sono + 12 horas de sono (2 noites de privação + 1 noite de sono ? Condição PS). Na segunda condição, o mesmo protocolo de dano muscular foi conduzido, mas sucedido de 3 noites de sono (Condição S). Foram realizadas coletas de sangue seriadas ao longo de todo o protocolo para a dosagem de creatina quinase (CK), testosterona (T), IGF-1, cortisol (C), fator de necrose tumoral (TNF)-alfa, Interleucina (IL)-1 beta, IL-6, receptor antagonista de IL-1 (IL-1 ra) e IL-10 para cálculo da área sob a curva (AUC) de 24 horas (período entre as horas 24 e 48 após a indução do dano muscular). Resultados: O pico de torque isométrico reduziu em todos os momentos após a indução do dano muscular, em ambas as Condições (F(4,72) = 70,57, p < 0,001). Porém, no momento 36 horas, a Condição PS apresentou valor inferior em comparação à Condição S (p = 0,81, d = 1,3). Para CK sérica, houve somente efeito do tempo (F(5,90) = 17,6, p < 0,001), com significância observada somente no momento 60 horas após o dano em comparação ao momento basal (p < 0,05). A avaliação do perímetro da coxa não demonstrou diferenças significantes inter e intra-Condições, mas, em ambas as Condições, todos os momentos que sucederam o dano muscular foram acompanhados de elevado tamanho do efeito em relação ao momento basal (d > 1,0). A percepção de dor demonstrou somente efeito do tempo (F(4,56) = 17,3, p < 0,001), sendo todos os momentos após o dano muscular maiores que o período basal, em ambas as condições (p < 0,05). Por meio da análise do tamanho do efeito, a Condição PS apresentou maior valor nos momentos 36 horas (p = 0,9, d = 0,8) e 60 horas (p = 0,99, d = 0,5). A IL-6 e o IL- 1ra se elevaram entre zero e 2 horas após o dano muscular, em ambas as condições (p < 0,05) e, quando analisada a AUC de 24 horas, houve tendência de aumento da IL-6 na Condição PS, com elevado tamanho do efeito (t = -1,97, gl = 8, p = 0,08, d = 0,8). A análise da AUC de 24 horas demonstrou que o IGF-1 (t = - 2,76, gl = 8, p = 0,02, d = 0,7) e o cortisol (t = -7,69, gl = 8, p < 0,001, d = 2,7) foram maiores na Condição PS, juntamente com maior razão cortisol:testosterona nesta mesma Condição (elevado (t = -3,4, gl = 8, p = 0,009, d = 1,6). Conclusão: xvii Foi possível concluir que a privação de sono total, nos primeiros dois dias após o dano muscular, retarda a recuperação da força, alterando também o perfil hormonal e inflamatório, marcados pela elevação do cortisol, IGF-1 e IL-6.
Introdução: Popularmente, o sono é apontado como um momento imprescindível para a manutenção da fisiologia muscular, bem como para recuperação de suas funções após diversos tipos de dano, assim como aqueles observados em resposta ao exercício físico. Entretanto, nenhuma pesquisa avaliou, até o momento, como variáveis relacionadas à recuperação muscular se comportariam mediante a situação de privação de sono. Objetivo: verificar se a privação total de sono por 60 horas, após dano muscular induzido por ação excêntrica, promove alterações modifica o comportamento de parâmetros relacionados à recuperação muscular, tais como: força isométrica, perimetria da coxa, percepção de dor, citocinas pró- e anti-inflamatórias e hormônios. Métodos: Em duas condições distintas, com modelo cross-over e washout de pelo menos 4 semanas, dez homens (idade = 24,5 ± 2,9 anos; índice de massa corporal = 22,7 ± 2,3 kg/m2) realizaram um protocolo de dano muscular unilateral para membro inferior, composto por 240 contrações excêntricas para os músculos extensores do joelho, realizado no dinamômetro isocinético. Na primeira condição, o protocolo de dano muscular foi sucedido de 60 horas de privação total de sono + 12 horas de sono (2 noites de privação + 1 noite de sono ? Condição PS). Na segunda condição, o mesmo protocolo de dano muscular foi conduzido, mas sucedido de 3 noites de sono (Condição S). Foram realizadas coletas de sangue seriadas ao longo de todo o protocolo para a dosagem de creatina quinase (CK), testosterona (T), IGF-1, cortisol (C), fator de necrose tumoral (TNF)-alfa, Interleucina (IL)-1 beta, IL-6, receptor antagonista de IL-1 (IL-1 ra) e IL-10 para cálculo da área sob a curva (AUC) de 24 horas (período entre as horas 24 e 48 após a indução do dano muscular). Resultados: O pico de torque isométrico reduziu em todos os momentos após a indução do dano muscular, em ambas as Condições (F(4,72) = 70,57, p < 0,001). Porém, no momento 36 horas, a Condição PS apresentou valor inferior em comparação à Condição S (p = 0,81, d = 1,3). Para CK sérica, houve somente efeito do tempo (F(5,90) = 17,6, p < 0,001), com significância observada somente no momento 60 horas após o dano em comparação ao momento basal (p < 0,05). A avaliação do perímetro da coxa não demonstrou diferenças significantes inter e intra-Condições, mas, em ambas as Condições, todos os momentos que sucederam o dano muscular foram acompanhados de elevado tamanho do efeito em relação ao momento basal (d > 1,0). A percepção de dor demonstrou somente efeito do tempo (F(4,56) = 17,3, p < 0,001), sendo todos os momentos após o dano muscular maiores que o período basal, em ambas as condições (p < 0,05). Por meio da análise do tamanho do efeito, a Condição PS apresentou maior valor nos momentos 36 horas (p = 0,9, d = 0,8) e 60 horas (p = 0,99, d = 0,5). A IL-6 e o IL- 1ra se elevaram entre zero e 2 horas após o dano muscular, em ambas as condições (p < 0,05) e, quando analisada a AUC de 24 horas, houve tendência de aumento da IL-6 na Condição PS, com elevado tamanho do efeito (t = -1,97, gl = 8, p = 0,08, d = 0,8). A análise da AUC de 24 horas demonstrou que o IGF-1 (t = - 2,76, gl = 8, p = 0,02, d = 0,7) e o cortisol (t = -7,69, gl = 8, p < 0,001, d = 2,7) foram maiores na Condição PS, juntamente com maior razão cortisol:testosterona nesta mesma Condição (elevado (t = -3,4, gl = 8, p = 0,009, d = 1,6). Conclusão: xvii Foi possível concluir que a privação de sono total, nos primeiros dois dias após o dano muscular, retarda a recuperação da força, alterando também o perfil hormonal e inflamatório, marcados pela elevação do cortisol, IGF-1 e IL-6.
Descrição
Citação
DÁTTILO, Murilo. Efeitos da privação de sono em parâmetros de recuperação muscular, após dano induzido por ação excêntrica. 2015. 125 f. Tese (Doutorado) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2015.