Aterações da liberação do neurotransmissor colinérgico em regiões cerebrais do camundongo distrófico (mdx)

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Data
2013-06-26
Autores
Parames, Suelen Fernanda [UNIFESP]
Orientadores
Souccar, Caden Souccar [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
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Resumo
A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é uma miopatia recessiva e progressiva causada por mutação do gene da distrofina, uma proteína envolvida na estabilização do sarcolema, na regulação do receptor nicotínico (nAChR) muscular e na sinalização intracelular. Cerca de 30% dos pacientes com DMD apresentam também déficits cognitivos não progressivos. Estudos anteriores deste laboratório mostraram alterações quantitativas dos nAChRs α4β2 e α7 no hipocampo do camundongo mdx, indicativas de alterações da neurotransmissão colinérgica nicotínica central relacionadas à falta de distrofina (Ghedini e col. 2012). Prosseguindo com esses estudos, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos da falta de distrofina na liberação do neurotransmissor colinérgico e sua modulação pré-sináptica nicotínica em regiões cerebrais normalmente ricas em distrofina (córtex, hipocampo, cerebelo) de camundongos mdx jovens (4 meses) e adultos (12 meses). Medidas do efluxo de [3H]-ACh estimulado por ativação nicotínica com ACh (10 µM) + atropina (0,1 µM) foram obtidas em sinaptossomas das três regiões cerebrais, após prévia incorporação com [3H]-Colina (0,08 µM). A radiatividade das amostras coletadas foi medida em cintilador β e a quantidade de trício liberada em cada fração foi expressa como percentagem da radiatividade total da preparação (liberação fracional). Os resultados mostraram que o efluxo de trício estimulado é constituído predominantemente por [3H]-ACh e que a liberação é dependente de Ca2+. O efluxo de [3H]-ACh estimulado nos sinaptossomas de córtex não diferiu entre os animais controles e mdx, nos grupos jovem e adulto. Nas preparações do grupo jovem, o efluxo de [3H]-ACh estimulado foi menor no hipocampo (55%) e no cerebelo (53%) dos animais mdx em comparação com os respectivos valores controles. No grupo adulto, porém, o mesmo estímulo nicotínico produziu maior efluxo de [3H]-ACh no hipocampo (53%) e no cerebelo (68%) em relação aos correspondentes valores controles. Análises quantitativas do transportador vesicular de ACh (VAChT) por imunodetecção não indicou diferenças significativas na expressão deste transportador nas preparações vesiculares das três regiões cerebrais, entre os animais controles e mdx. A superfusão de diidro-β-eritroidina (DHβE, 1 e 10 µM), antagonista dos nAChRs α4β2, inibiu o efluxo de [3H]-ACh estimulado nos sinaptossomas de córtex e hipocampo dos animais controles e mdx, de 65 a 75% dos respectivos valores determinados na ausência do antagonista. Por outro lado, a superfusão da metilicaconitina (MLA, 10 e 50 nM), antagonista dos nAChRs α7, inibiu o efluxo estimulado de [3H]-ACh no córtex, dos animais controles e mdx, e no hipocampo, dos animais controles, apenas na maior concentração testada. O efluxo de [3H]-ACh estimulado por ativação nicotínica nos sinaptossomas de cerebelo não foi alterado por nenhum dos dois antagonistas. Os resultados confirmam a presença de auto-receptores modulatórios da liberação de ACh do subtipo α4β2, mas não α7, nos sinaptossomas de córtex e hipocampo dos camundongos controles e mdx. As alterações de liberação do neurotransmissor colinérgico observadas no hipocampo dos animais mdx parecem relacionadas às alterações quantitativas dos nAChRs anteriormente descritas. Além disso, os efeitos observados no sinaptossomas de hipocampo e cerebelo dos camundongos mdx, jovens e adultos, sugerem uma possível ação retrógrada reguladora da distrofina na liberação do neurotransmissor. Os resultados indicam alteração da neurotransmissão colinérgica nicotínica central relacionada à falta de distrofina e proteínas associadas no hipocampo e no cerebelo dos animais mdx, duas regiões cerebrais envolvidas em processos de atenção, memória, aprendizagem e funções de coordenação motora, o que pode contribuir para o déficit cognitivo descrito em pacientes com DMD e no modelo do mdx.
Descrição
Citação
PARAMES, Suelen Fernanda. Aterações da liberação do neurotransmissor colinérgico em regiões cerebrais do camundongo distrófico (mdx). 2013. 96 f. Dissertação (Mestrado) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2013.