Viés de publicação em ensaios clínicos sobre anticorpos monoclonais e repercussão jurídica do direito fundamental à saúde baseada em evidências

Data
2014-12-31
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Aims: We aimed to assess the proportion of publication and reporting of results of clinical trials on monoclonal antibodies adalimumab, bevacizumab, rituximab, trastuzumab and infliximab registered at ClinicalTrials.gov. We also aimed to evaluate the circumstances associated to publications bias and the effectiveness of FDAAA legislation in controlling it. Methods: In this cross-sectional, we searched ClinicalTrials.gov for protocols of interventional studies, phases III and IV, on monoclonal antibodies adalimumab, bevacizumab, rituximab, trastuzumab and infliximab, interventional (n = 243). After, we searched Pubmed, Embase, Lilacs, Cochrane Central and Google Scholar in order to evaluate and find published papers. Results: Among the 243 trials that comprised our initial sample, 178 (?73,2%) were published and 73 (?30%) had results reported at ClinicalTrials.gov. Industry sponsored trials were 169 (? 69.5%). Regarding the methodological quality of protocols, 159 (?65,4%) trials were designed with two or more comparison groups (intervention versus control), 149 (?61,3%) were randomized and 84 (?34,5%) were masked. Only 82 trials (?33,7%) were cumulatively designed with control groups, randomized allocation of participants, and masking. Among published studies (n=178), 118 (?66,3%) reported positive results, 18 (? 10%) reported negative results, 11 (?6,2%) found neutral or inconclusive results, and 24 (?13,5%) were partially positive. In the subsample of trials under FDAAA mandatory reporting (n=57), 48 (?84.2%) were published and 40 (?70,2%) had their results disclosed at ClinicalTrials.gov. Placebo-controlled trials were significantly more common among industry-funded trials when compared with independent trials (n=44/169 [26%] versus 9/74 [?12,2%]; p=0,025). Treatment as usual controlled trials were significantly more common among independent studies when compared to industry-funded trials (n=36/74 [?48.6%] versus 44/169 [?26%]; p<0,001). Conclusions: Publication bias in clinical trials is intense, despite the nature of intervention investigated (in this case, monoclonal antibodies). The source of funding (independent or industry) did not change the patterns of publication, suggesting that publication bias is evenly spread among different sponsors. However, studies involving placebo or single arm studies were more common in industry-funded trials. Our findings also suggest a higher prevalence of positive results among published trials. Lack of transparency, therefore, goes beyond selective publications and encompasses poor designed and biased protocols. Clinical trials subject to the FDAAA legislation had a greater proportion of published studies and disclosed results at ClinicalTrials.gov, suggesting the effectiveness of U.S. law in controlling publication bias and expanding in clinical research.
Objetivos: Mensurar e avaliar as proporções de publicação (em revistas) e de divulgação (em meio eletrônico) dos resultados de ensaios clínicos registrados no ClinicalTrials.gov sobre os anticorpos monoclonais adalimumabe, bevacizumabe, rituximabe, trastuzumabe e infliximabe. Avaliar e mensurar os fatores associados ao viés de publicação. Avaliar e mensurar a efetividade do Food and Drug Administration Amendments Act (FDAAA) no controle do viés de publicação. Métodos: Em uma primeira etapa foram buscados todos os protocolos de ensaios clínicos concluídos, fases III e IV, registrados no ClinicalTrials.gov sobre os anticorpos monoclonais adalimumabe, bevacizumabe, rituximabe, trastuzumabe e infliximabe (n=243). Definida a amostra inicial de protocolos, foi avaliada a proporção de estudos com resultados divulgados no ClinicalTrials.gov e a proporção de artigos publicados em revistas indexadas no Pubmed, Embase, Lilacs, Central Cochrane e Google Scholar. Resultados: Entre os 243 protocolos de ensaios clínicos que formaram a amostra inicial, 178 (?73,3%) foram publicados e 73 (?30%) tiveram seus resultados divulgados no ClinicalTrials.gov. A indústria farmacêutica financiou, total ou parcialmente, 169 ensaios (?69,5%). Na subamostra de ensaios clínicos sujeitos às obrigações definidas pela Seção 801 do FDAAA (n=57), 48 (?84,2%) foram publicados e 40 (?70,2%) tiveram seus resultados incluídos no ClinicalTrials.gov. No que toca à qualidade metodológica dos protocolos, 159 (?65,4%) possuíam os participantes distribuídos em dois grupos (controle e intervenção), 149 (?61,3%) foram randomizados e 84 (?34,5%) foram mascarados. Apenas 82 estudos (?33,7%) possuíam, cumulativamente, grupo controle, mascaramento e randomização. Entre os estudos publicados (n=178), 118 (?66,3%) encontraram resultados positivos, 18 (?10%) apresentaram resultados negativos, 11 (?6,5%) encontraram resultados neutros ou inconclusivos e 24 (?13,5%) apresentaram resultados parcialmente positivos. A utilização de placebo como controle foi significativamente maior nos estudos financiados pela indústria quando comparada com os ensaios clínicos independentes (n=44/169 [26%] versus 9/74 [?12,2%]; p=0,025). O controle com o tratamento habitual foi mais comum entre os estudos independentes do que na amostra de estudos financiados pela indústria (n=36/74 [?48.6%] versus 44/169 [?26%]; p<0,001). Conclusões: A proporção de estudos não publicados ainda é alta (65/243; ?26%), a despeito da intervenção investigada (no caso, anticorpos monoclonais). A fonte de financiamento dos estudos não alterou as proporções de publicação, o que sugere que distorções na publicação ocorrem de forma semelhante em todos os casos. No entanto, os estudos controlados com placebo e os estudos sem grupo controle (single arm studies) foram mais comuns na amostra financiada pela indústria, o que sugere a falta de transparência das pesquisas associadas a esse tipo de financiamento. Os resultados encontrados revelaram um aumento significativo na publicação e na divulgação de resultados de ensaios clínicos sujeitos ao FDAAA, o que sugere a efetividade da intervenção legal norte-americana no controle do viés de publicação e da falta de transparência nas pesquisas clínicas.
Descrição
Citação
SANTOS, Douglas Henrique Marin dos. Viés de publicação em ensaios clínicos sobre anticorpos monoclonais e repercussão jurídica do direito fundamental à saúde baseada em evidências. 2014. 145 f. Tese (Doutorado) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2014.