Avaliação das características dos programas de prevenção ao uso de álcool e outras drogas implantados nas escolas brasileiras
Data
2016-09-27
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Objective: This study aimed to characterise alcohol and drug prevention programs employed by Brazilian public and private schools at the elementary and middle school levels. Methods: This is a qualitative study based on forty-one in-depth interviews conducted with directors and coordinators of Brazilian schools. Respondents were selected using a subsample of a national epidemiological survey aimed at assessing the presence of prevention programs in schools from five different regions. Interviews were conducted through Skype software, audio-recorded and transcribed, using a semi-structured script. In order to analyse data, NVivo software was used and interpretation of the collected material was subjected to further content analysis via Bardin’s theoretical framework. Results: We identified two categories of actions to prevent the use of alcohol and other drugs in schools: schools that had proper prevention programs and schools that performed specific prevention activities. Twenty-nine schools (or 71% of the total) who used prevention programs in their units were identified, while others made use of preventive activities. The program most frequently implemented in the investigated schools was the Educational Program of Resistance to Drugs (Proerd), which was applied in 54% (n = 22) of the schools. Other prevention programs included Nepre, Agrinho, Projeto Diretor de Turma (Class Principal), Protagonismo Juvenil (Youth Participation), Dignidade (Dignity): a Daily Conquest and of the Municipal Health Secretary of Rio de Janeiro (SMS). In 20 schools, prevention activities were combined with prevention programs and 12 schools offered only prevention acitvities. Prevention activities were less prevalent than programs, appearing in twelve schools, and were combined with programs in twenty of them. Such preventive activities included lectures, classes, seminars, recreational activities and visits to rehabilitation facilities. The most mentioned psychotropic drugs in the programs and activities were crack cocaine and marijuana. In the interviews, a general lack of information on ways to evaluate programs was noted. In addition, the applied programs do not show evidence of being effective and do not rely on good preventative practices. Conclusions: It was demonstrated that in Brazil, prevention programs are confused with preventative activities. The programs analysed do not follow good practices regarding alcohol and drug prevention and are not based on scientific evidence. The results of this study can help point out the need for national public policy development in order to encourage the implementation of evidence-based programs in school curriculums, thus avoiding potential iatrogenic effects from school-based alcohol and drug prevention efforts.
Objetivos: o presente estudo teve como objetivo geral caracterizar os programas de prevenção ao uso de álcool e outras drogas implantados em escolas brasileiras públicas e privadas do ensino fundamental e médio que declararam ter ações preventivas. Métodos: trata-se de um estudo qualitativo composto por 41 entrevistas em profundidade. As entrevistas foram realizadas com diretores e coordenadores pedagógicos de escolas brasileiras. Os entrevistados foram selecionados por subamostra de um inquérito epidemiológico nacional que visou avaliar a presença de programas de prevenção em escolas das cinco regiões brasileiras. As entrevistas foram realizadas por meio do software Skype, gravadas em áudio e transcritas na íntegra, tendo sido utilizado um roteiro semiestruturado. Na análise dos dados utilizou-se o software NVIVO, e a interpretação do material coletado foi submetida à análise de conteúdo com o referencial teórico de Bardin. Resultados: foram identificadas duas categorias de ações de prevenção ao uso de álcool e outras drogas nos estabelecimentos de ensino: escolas que possuíam programas de prevenção propriamente ditos e escolas que realizavam atividades pontuais de prevenção. Foram identificadas 29 escolas (71%) que utilizavam programas de prevenção em suas unidades, enquanto as demais se valeram exclusivamente de atividades preventivas. O programa de maior prevalência aplicado nas escolas investigadas foi o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), que foi aplicado em 54% (n=22) das escolas investigadas. Foram encontrados também outros programas de prevenção como o Nepre, Agrinho, Projeto diretor de turma, Protagonismo juvenil, Dignidade: uma conquista diária e o programa da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro (SMS). Em 20 escolas, atividades de prevenção foram combinadas com programas e, em outras 12, elas foram ofertadas como única ação preventiva. Foram utilizadas como atividades preventivas palestras, aulas, seminários, atividades lúdicas e visitas técnicas a clínicas de reabilitação. A droga psicotrópica mais mencionada nos programas e atividades foi o crack e a maconha. Nas entrevistas percebeu-se uma desinformação geral quanto às formas de avaliações dos programas. Além disso, os programas aplicados não possuem evidência de eficácia e não se baseiam em boas práticas preventivas. Conclusão: evidenciou-se que no Brasil, os programas de prevenção são confundidos com atividades preventivas. Os programas apresentados não seguiram as boas práticas de prevenção e não são baseados em evidências científicas. O resultado do estudo pode contribuir para apontar a necessidade do desenvolvimento de políticas públicas nacionais que estimulem a implantação de programas baseados em evidências no currículo das escolas, evitando assim potenciais efeitos iatrogênicos da prevenção escolar.
Objetivos: o presente estudo teve como objetivo geral caracterizar os programas de prevenção ao uso de álcool e outras drogas implantados em escolas brasileiras públicas e privadas do ensino fundamental e médio que declararam ter ações preventivas. Métodos: trata-se de um estudo qualitativo composto por 41 entrevistas em profundidade. As entrevistas foram realizadas com diretores e coordenadores pedagógicos de escolas brasileiras. Os entrevistados foram selecionados por subamostra de um inquérito epidemiológico nacional que visou avaliar a presença de programas de prevenção em escolas das cinco regiões brasileiras. As entrevistas foram realizadas por meio do software Skype, gravadas em áudio e transcritas na íntegra, tendo sido utilizado um roteiro semiestruturado. Na análise dos dados utilizou-se o software NVIVO, e a interpretação do material coletado foi submetida à análise de conteúdo com o referencial teórico de Bardin. Resultados: foram identificadas duas categorias de ações de prevenção ao uso de álcool e outras drogas nos estabelecimentos de ensino: escolas que possuíam programas de prevenção propriamente ditos e escolas que realizavam atividades pontuais de prevenção. Foram identificadas 29 escolas (71%) que utilizavam programas de prevenção em suas unidades, enquanto as demais se valeram exclusivamente de atividades preventivas. O programa de maior prevalência aplicado nas escolas investigadas foi o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), que foi aplicado em 54% (n=22) das escolas investigadas. Foram encontrados também outros programas de prevenção como o Nepre, Agrinho, Projeto diretor de turma, Protagonismo juvenil, Dignidade: uma conquista diária e o programa da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro (SMS). Em 20 escolas, atividades de prevenção foram combinadas com programas e, em outras 12, elas foram ofertadas como única ação preventiva. Foram utilizadas como atividades preventivas palestras, aulas, seminários, atividades lúdicas e visitas técnicas a clínicas de reabilitação. A droga psicotrópica mais mencionada nos programas e atividades foi o crack e a maconha. Nas entrevistas percebeu-se uma desinformação geral quanto às formas de avaliações dos programas. Além disso, os programas aplicados não possuem evidência de eficácia e não se baseiam em boas práticas preventivas. Conclusão: evidenciou-se que no Brasil, os programas de prevenção são confundidos com atividades preventivas. Os programas apresentados não seguiram as boas práticas de prevenção e não são baseados em evidências científicas. O resultado do estudo pode contribuir para apontar a necessidade do desenvolvimento de políticas públicas nacionais que estimulem a implantação de programas baseados em evidências no currículo das escolas, evitando assim potenciais efeitos iatrogênicos da prevenção escolar.
Descrição
Citação
SANTOS NETO, Miguel Teixeira dos. Avaliação das características dos programas de prevenção ao uso de álcool e outras drogas implantados nas escolas brasileiras. 2016. 135 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), 2016.