Uso de álcool e outras drogas entre frequentadores de baladas de São Paulo: diagnóstico e intervenção
Data
2016-11-23
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
International findings show that excessive alcohol consumption and the use of other drugs in nightclubs and bars are associated with more episodes of physical aggression, sexual risk behavior, sexual violence and traffic accidents. Binge drinking or heavy episodic drinking is a pattern of alcohol consumption, notably risky, which has aroused international interest and has recently begun to be investigated in Brazil and it is apparently associated with young people and regular attendance at nightclubs. In several countries, developing a safe night entertainment environment has become the same as reducing excessive alcohol consumption, reducing violence, accidents and other harms to health, which do not only affect the individuals, but also the society. In order to evaluate polydrug use characteristics, risk behavior profiles associated with alcohol consumption among patrons during or just after departure from nightclubs and to test an online intervention to prevent alcohol abuse among nightclub patrons in the city of São Paulo, we have proposed a study whit data collection conducted between the years 2013 to 2014. A portal survey in a systematic sample of 31 nightclubs allowed 2422 subjects to be interviewed at the entrance of these nightclubs and then they were asked to answer a web-based screening next day using Alchool Use Disorders Identification Test (AUDIT). A total of 1057 patrons met the inclusion criteria to participate in the randomized controlled trial (RCT), which included data collect at 0, 3, 6 and 12 months and then patrons were randomized into two groups (intervention and control). The digital intervention consisted in exposing participants to a feedback screen over their alcohol consumption, featuring the risks associated with the amount consumed, spendings on alcoholic drinks, drinking and driving, AUDIT risk classification and tips for harm reduction. Latent class analysis and regression weighted multinomial logistics were used for the data from the portal survey. For the RCT, analysis were stratified into two groups according to the score on the AUDIT at baseline, low risk (AUDIT<8) and high risk (AUDIT≥8) and panel data analysis were used according to a generalized mixed models to evaluate the effect of the intervention over time. For polydrug use, we found that the 3-class model (no polydrug use, moderate polydrug use and high level polydrug use) was the one that best described the standard polydrug use between the patrons. The polydrug use classes have shown to be associated with the musical style of the nightclub. For the risk behavior associated with alcohol consumption, it was also selected a model of 3 classes (low, medium and high risk) and it was found that patrons from high risk classes were more likely interviewed at at electronic music nightclubs. Regarding the RCT, it wasn’t observed any intervention effect in both risk groups. In the high-risk group, there was a significant reduction in both the AUDIT score as the prevalence of binge drinking over time in both the intervention and control groups. However, the low-risk group showed an increase in their AUDIT score over time. Thus, these RCT results suggest that only the high-risk group got benefited by a decrease in alcohol consumption. The study shows a high prevalence of the binge drinking practice and of the drinking and driving behavior between nightclubs patrons, showing the need of interventions to aware these young people, however the web-based intervention through normative feedback was not shown as a universal preventive program for this public.
Achados internacionais mostram que o excesso de ingestão de bebidas alcoólicas e o consumo de outras drogas nas casas noturnas e bares está associado a mais episódios de agressão física, comportamento sexual de risco, violência sexual e acidentes de trânsito. “Binge drinking” ou “beber pesado episódico” é um padrão de consumo de álcool, especialmente arriscado, que tem despertado interesse internacional e que recentemente começou a ser investigado no Brasil e está aparentemente associado à população jovem e à freqüência regular às “baladas” (casas noturnas e certos tipos de bares). Em diversos países, desenvolver um ambiente de lazer noturno seguro se tornou sinônimo de reduzir o consumo excessivo de álcool, indiretamente reduzindo a violência, acidentes e outros agravos a saúde, que não afetam apenas o indivíduo, mas a sociedade. Com o objetivo de avaliar características do poliuso de drogas, comportamentos de risco associados ao consumo de álcool e testar uma intervenção via web para prevenção do abuso de álcool entre frequentadores de baladas na cidade de São Paulo, propôs-se um estudo com coletas de dados realizadas entre os anos de 2013 a 2014. Um inquérito de portal em uma amostra sistemática de 31 baladas permitiu que 2422 sujeitos fossem entrevistados à entrada das baladas e convidados a responder, no dia seguinte, um rastreamento via web utilizando o Alchool Use Disorders Identification Test (AUDIT). Um total de 1057 frequentadores preencheram os critérios de inclusão para participar do ensaio controlado randomizado (ECR) com coletas de dados nos tempos 0, 3, 6 e 12 meses e foram randomizados em dois grupos (intervenção e controle). A intervenção digital consistiu em expor os participantes a uma tela de feedback sobre seu consumo de álcool, caracterizando os riscos associados à quantidade consumida, valores gastos com bebidas, beber e dirigir, classificação do risco do AUDIT e dicas de redução de danos. Análise de classe latente e regressão logística multinomial ponderadas foram utilizadas para os dados do inquérito de portal. Para o ECR as análises foram estratificadas em dois grupos de acordo com a pontuação obtida no AUDIT no tempo inicial: “baixo risco” (escore de AUDIT<8) e “alto risco” (escore de AUDIT≥8) e utilizou-se análise de dados de painel através de modelos mistos generalizados para avaliar o efeito da intervenção ao longo do tempo. Para o poliuso de drogas verificou-se que o modelo de 3-classes (“não poliuso”, “poliuso moderado” e “poliuso elevado”) foi o que melhor descreveu o padrão de poliuso entre os frequentadores e que as classes de poliuso apresentaram-se associadas ao estilo musical da balada. Para o comportamento de risco associado ao consumo de álcool também foi selecionado um modelo de 3 classes (baixo, médio e alto risco) e verificou-se que frequentadores pertencentes à classe “alto risco” foram mais frequentemente entrevistados nas baladas eletrônicas. Com relação ao ECR não foram observadas diferenças da intervenção em ambos os grupos de risco. No grupo alto risco houve redução significativa tanto do escore de AUDIT como da prevalência de “binge drinking” ao longo do tempo tanto no grupo intervenção como no controle. Entretanto o grupo de baixo risco aumentou seu escore AUDIT ao longo do tempo. Assim os resultados do ECR sugerem que apenas o grupo alto risco foi beneficiado por uma redução no consumo de álcool. O estudo mostra uma alta prevalência da prática de “binge drinking” e do comportamento beber e dirigir entre frequentadores de baladas evidenciando que são necessárias intervenções que conscientizem estes jovens, porém a intervenção via web de feedback normativo não se mostrou um programa universal para este público.
Achados internacionais mostram que o excesso de ingestão de bebidas alcoólicas e o consumo de outras drogas nas casas noturnas e bares está associado a mais episódios de agressão física, comportamento sexual de risco, violência sexual e acidentes de trânsito. “Binge drinking” ou “beber pesado episódico” é um padrão de consumo de álcool, especialmente arriscado, que tem despertado interesse internacional e que recentemente começou a ser investigado no Brasil e está aparentemente associado à população jovem e à freqüência regular às “baladas” (casas noturnas e certos tipos de bares). Em diversos países, desenvolver um ambiente de lazer noturno seguro se tornou sinônimo de reduzir o consumo excessivo de álcool, indiretamente reduzindo a violência, acidentes e outros agravos a saúde, que não afetam apenas o indivíduo, mas a sociedade. Com o objetivo de avaliar características do poliuso de drogas, comportamentos de risco associados ao consumo de álcool e testar uma intervenção via web para prevenção do abuso de álcool entre frequentadores de baladas na cidade de São Paulo, propôs-se um estudo com coletas de dados realizadas entre os anos de 2013 a 2014. Um inquérito de portal em uma amostra sistemática de 31 baladas permitiu que 2422 sujeitos fossem entrevistados à entrada das baladas e convidados a responder, no dia seguinte, um rastreamento via web utilizando o Alchool Use Disorders Identification Test (AUDIT). Um total de 1057 frequentadores preencheram os critérios de inclusão para participar do ensaio controlado randomizado (ECR) com coletas de dados nos tempos 0, 3, 6 e 12 meses e foram randomizados em dois grupos (intervenção e controle). A intervenção digital consistiu em expor os participantes a uma tela de feedback sobre seu consumo de álcool, caracterizando os riscos associados à quantidade consumida, valores gastos com bebidas, beber e dirigir, classificação do risco do AUDIT e dicas de redução de danos. Análise de classe latente e regressão logística multinomial ponderadas foram utilizadas para os dados do inquérito de portal. Para o ECR as análises foram estratificadas em dois grupos de acordo com a pontuação obtida no AUDIT no tempo inicial: “baixo risco” (escore de AUDIT<8) e “alto risco” (escore de AUDIT≥8) e utilizou-se análise de dados de painel através de modelos mistos generalizados para avaliar o efeito da intervenção ao longo do tempo. Para o poliuso de drogas verificou-se que o modelo de 3-classes (“não poliuso”, “poliuso moderado” e “poliuso elevado”) foi o que melhor descreveu o padrão de poliuso entre os frequentadores e que as classes de poliuso apresentaram-se associadas ao estilo musical da balada. Para o comportamento de risco associado ao consumo de álcool também foi selecionado um modelo de 3 classes (baixo, médio e alto risco) e verificou-se que frequentadores pertencentes à classe “alto risco” foram mais frequentemente entrevistados nas baladas eletrônicas. Com relação ao ECR não foram observadas diferenças da intervenção em ambos os grupos de risco. No grupo alto risco houve redução significativa tanto do escore de AUDIT como da prevalência de “binge drinking” ao longo do tempo tanto no grupo intervenção como no controle. Entretanto o grupo de baixo risco aumentou seu escore AUDIT ao longo do tempo. Assim os resultados do ECR sugerem que apenas o grupo alto risco foi beneficiado por uma redução no consumo de álcool. O estudo mostra uma alta prevalência da prática de “binge drinking” e do comportamento beber e dirigir entre frequentadores de baladas evidenciando que são necessárias intervenções que conscientizem estes jovens, porém a intervenção via web de feedback normativo não se mostrou um programa universal para este público.
Descrição
Citação
SANUDO, Adriana. Uso de álcool e outras drogas entre frequentadores de baladas de São Paulo: diagnóstico e intervenção. 2016. 149 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), 2016.