Negociando curas: um estudo das relações entre indígenas e profissionais do Projeto Xingu

Imagem de Miniatura
Data
2014-06-27
Autores
Assumpção, Karine [UNIFESP]
Orientadores
Sarti, Cynthia Andersen [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
A partir da análise das problemáticas envolvidas nas relações de negociação de cura estabelecidas antes e depois do Subsistema de Saúde Indígena do Sistema Único de Saúde (SASISUS) no Brasil, o foco desta dissertação recai sobre a relação existente, há quase cinquenta anos, entre os profissionais de saúde não-indígenas do Projeto Xingu, Escola Paulista de Medicina (EPM), atualmente parte integrante da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e as populações indígenas, principalmente os povos que vivem no Baixo, Médio e Leste Xingu. Assim, através de observações participativas em locais de ação do Projeto Xingu, tanto em São Paulo como na Terra Indígena do Xingu (TIX), além de entrevistas com os protagonistas, foi possível perceber como, no movimento concomitante de acessar seus códigos e incorporar alguns códigos indígenas, os profissionais ligados ao Projeto Xingu ressignificam a biomedicina, as políticas públicas em saúde e a formação biomédica. Ao experimentarem os valores e noções indígenas, se tornando branquígenas, os profissionais não-indígenas há mais tempo envolvidos nessa relação começam a enxergar o limiar entre salvar vidas e salvar (respeitar) a diversidade cultural, transitando de um a outro lado dessa liminaridade através do conceito ampliado de saúde e de bem-estar (cultural). Tornam-se, assim, mediadores políticos especialistas em problemas de comunicação (comunicose), “doença” endêmica em contextos interculturais como o da saúde indígena.
From an analysis of the problems involving healing negotiation established before and after the Indigenous Health Subsystem of the Unified Health System in Brazil, this study focuses on the relationship established nearly fifty years ago among non-indigenous health professionals of the Xingu Project, of the Escola Paulista de Medicina (EPM), currently part of São Paulo Federal University (UNIFESP), and the indigenous people, especially those living in the Lower, Middle and East of Xingu. Thus, through active observations at the Xingu Project, both in São Paulo and in the Xingu Indigenous Land, along with interviews with the protagonists, it was possible to see that, with a concomitant movement of accessing their codes and incorporating some Indian codes, the professionals associated with the Xingu Project resignify biomedicine, the public health policies and biomedical education itself. As the non-indigenous professionals who have been involved longer in this relationship experience the indigenous values and ideas , (becoming branquígenas) they begin to see the threshold between saving lives and saving (respecting ) cultural diversity , moving from one side to another of this liminality through an expanded concept of health and (cultural) wellness. These professionals thus become political mediators, experts in communication problems (comunicose), that is endemic "disease" in intercultural contexts such as indigenous health.
Descrição
Citação