Displasia broncopulmonar: ocorrencia, fatores de risco e morbimortalidade

Date
2005Author
Gonzaga, Ana Damaris [UNIFESP]
Advisor
Carvalho, Werther Brunow deType
Dissertação de mestradoMetadata
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Bronchopulmonary dysplasia: occurrence, risk factors and morbimortalityAbstract
A displasia broncopulmonar decorre de um processo multifatorial, sua ocorrência é variável e tem aumentado nos últimos anos em conseqüência da maior sobrevida de recém nascidos prematuros. O conhecimento dos fatores de risco permite uma melhor organização dos serviços e revisão das práticas de cuidados aos recém nascidos de alto risco. Objetivos: Determinar os fatores de risco, ocorrência e morbimortalidade da displasia broncopulmonar em prematuros de muito baixo peso e avaliar os tempos de utilização de oxigenioterapia, ventilação pulmonar mecânica e internação hospitalar nesse grupo. Método: Analisados os prontuários dos recém-nascidos no período de 01 de Janeiro de 2001 a 31 de Dezembro de 2002. Foram incluídos todos os recém nascidos com peso de nascimento 1500 gramas que permaneciam vivos no 28°- dia de vida e excluídos os portadores de malformações congênitas maiores, transferências para outros serviços e óbitos antes do 28º dia de vida. Para o diagnóstico de displasia broncopulmonar foi considerado o uso de oxigênio no 28º dia de vida. A análise preliminar foi realizada através dos testes qui-quadrado de Pearson, exato de Fisher ou teste-t de Student, quando aplicáveis. Para análise final foi aplicado um modelo de regressão logística. Resultados: Dos 150 recém-nascidos da amostra, 45 por cento (67) evoluíram com displasia broncopulmonar. As médias de idade gestacional e peso de nascimento foram menores no grupo que desenvolveu a doença, 30,8±2,1 semanas versus 32,6±1,9 semana e 1077,8±204,8 gramas versus 1298,3±151 gramas, respectivamente (p<0,001). As variáveis infecção pré-natal, uso de corticóide, tempo de amniorrexe, sexo e índices de Apgar nos 1º e 5º minutos não apresentaram diferenças estatisticamente significantes, enquanto que as variáveis idade gestacional, peso de nascimento, escore prognóstico CRIB, uso de ventilação pulmonar mecânica, uso de surfactante e corticóide apresentaram p<0,001. Após a aplicação da regressão logística, permaneceram como fatores independentes para DBP apenas o peso de nascimento < 1250 gramas, uso de ventilação mecânica > 7dias e escore prognóstico CRIB > 5, com razões de chances de 5,2; 4,9 e 3,7, respectivamente. Ocorreu óbito em 5 por cento da amostra, sendo 4,4 por cento no grupo com DBP e 0,6 por cento no grupo sem DBP (p=0,022). As comorbidades também ocorreram com maior freqüência no grupo com DBP: Hemorragia intraperiventricular, 65 por cento; retinopatia, 76 por cento atelectasia, 88 por cento e enterite necrozante, 88 por cento, todas elas com p<0,001. Os tempos médios de uso de oxigênio, ventilação pulmonar mecânica e permanência hospitalar foram maiores no grupo com displasia broncopulmonar, 65,6±35,8 dias versus 12,4±13,2 dias; 7,0±29,6 dias versus 4,6±34,2 dias e 83,1±34,9 dias versus 45,3±15,5 dias, respectivamente (p<0,001). Conclusão: A ocorrência de displasia broncopulmonar foi de 45 por cento, sendo que os peso de nascimento < 1250g, índice de escore prognóstico CRIB > 5 e uso de ventilação pulmonar mecânica > 7 dias foram os fatores de riscos independentes para essa complicação. Recém nascidos portadores de displasia broncopulmonar são mais acometidos por morbidades, permanecem mais tempo em oxigenioterapia, em ventilação pulmonar mecânica e hospitalizados, além de evoluírem com mais freqüência para óbito.