Influência dos marcadores ultra-sonográficos de segundo trimestre no risco de síndrome de Down em gestantes com idade materna avançada
Abstract
Objetivos: Avaliar a associação de alguns marcadores ultra-sonográficos de
segundo trimestre com a síndrome de Down em gestantes com idade materna
avançada que realizaram estudo cromossômico fetal por meio da amniocentese,
além de procurar associação entre a presença de malformações estruturais fetais
detectadas no ultra-som com essa aneuploidia. Métodos: Analisamos 889 casos
consecutivos submetidos à coleta de amniocentese e enviados ao laboratório de
citogenética do Centro Paulista de Medicina Fetal, no período de janeiro de 1998 a
dezembro de 2003. As amostragens foram realizadas por via transabdominal, com
agulha de calibre 20 Gauge, sob monitorização ultra-sonográfica contínua, em idades
gestacionais que variaram de 14 a 30 semanas, com média de 17,7 semanas (± 3,1)
para os casos com síndrome de Down e 17,3 semanas (± 2,4) para os fetos
cromossomicamente normais. As indicações foram por idade materna avançada
somente ou pela presença de marcadores ultra-sonográficos nesse grupo de pacientes,
em que a idade no momento da coleta variou de 35 a 47 anos, com média de 38,8
anos (± 2,9) para as 31 gestantes portando fetos com síndrome de Down e 38,6 anos
(± 2,6) para as 858 gestantes com fetos cromossomicamente normais.
Aconselhamento genético e exame ultra-sonográfico genético antecederam a
realização da amniocentese (aparelhos Synergy e Logic 500 GE), incluindo análise da
biometria fetal na procura por malformações estruturais e por marcadores ultrasonográficos
(prega nucal ≥ 6 mm, foco hiperecogênico intracardíaco,
hiperecogenicidade intestinal, cisto de plexo coróide, ossos curtos, ventriculomegalia
discreta, pielectasia renal bilateral, artéria umbilical única, alteração de extremidades
fetais). Resultados: 758 exames de amniocenteses foram realizados devido à idade
materna avançada e 131, por idade materna avançada e presença de marcadores
ultra-sonográficos. Desses, 3,5% apresentaram trissomia do cromossomo 21, sendo
61,3% desses casos tinham a amniocentese indicada pela presença de marcadores
ultra-sonográficos, e 38,7% somente por idade materna avançada. O marcador ultrasonográfico
mais freqüente e que mostrou maior associação com a síndrome de Down
foi prega nucal aumentada (35,9%), seguida de foco hiperecogênico cardíaco e
malformação fetal estrutural. A medida de fêmur curto só foi importante se junto a
outros marcadores no mesmo feto. Outros marcadores estudados não foram
associados fortemente com essa trissomia. A malformação estrutural esteve presente
em 24,4% dos fetos sindrômicos e a alteração mais comum foi a presença de higroma
cístico. Conclusão: A presença de marcadores ultra-sonográficos de segundo
trimestre influencia no aumento do risco para síndrome de Down. Em nosso estudo, a
presença de dois marcadores é necessária para aumentar seu rastreamento e a prega
nucal é o marcador mais sensível e mais associado com essa síndrome. Não se
discute a importância da presença dos marcadores durante o ultra-som genético de
segundo trimestre para afastar o risco de síndrome de Down, mas, em população de
gestantes com idade materna avançada, esse exame não substitui a pesquisa de
cariótipo fetal pela amniocentese. Purpose: To evaluate the use of second trimester genetic sonography for the prenatal
detection of Down syndrome by examining multiple aneuploidy markers in patients with
advanced maternal age that to have invasive testing as a first option (amniocentesis)
and as second purpose, it was looked to associate the presence of structural
malformations with this aneuploidy. Methods: We analyze 889 cases submitted to
genetic amniocentesis obtained by transabdominal via and analyzed at cytogenetics
laboratory of “Centro Paulista de Medicina Fetal” from January, 1998 to December,
2003. The reason for indicating the exam was duo to the advanced maternal age or the
multiple aneuploidy markers in this group of patients. The genetic acounselling and
sonography by examination was previously carried out to the accomplishment of
amniocentese (SYNERGY and LOGIC 500 GE) including the evaluation of fetal
biometry and anatomy for detection of structural anomalies and the anatomic for
detection of structural anomalies and the sonographic markers of aneuploidy (thickened
nucal fold of 6 mm or greater, cardiac echogenic focus, hyperecogenic bowel, plexus
choroid cysts, humeral and femur short lengths, mild ventriculomegaly, renal
pyelectasis, single umbilical artery, abnormalities of the hands and feet). Results: The
outcome information was obtained according to 758 cases of normal fetuses with
advanced maternal age and 131 cases with ultrasound markers of aneuploidy and
advanced maternal age. The gestational ages ranged from 14 to 30 weeks with an
average of 17,7 weeks (± 3.1) for the cases carrying Down syndrome and 17,3 weeks
(± 2,4) for the normal fetuses. The maternal age 35 to 47 years, with an average of 38,8
years (± 2,9) for the 31 cases carrying Down syndrome and 38,6 years (± 2,6) for the
858 cases carrying normal fetuses. From these, 3,5% had been for trisomy 21, being
61.3% of these referred to abnormal sonographic findings and 38.7% only for advanced
maternal age. The most frequent single marker and that presented greater association
to the Down syndrome was the thickened nucal fold increased, following the
hyperecogenic cardiac focus and the structural malformation. The shortened femur
length was associated only when present with another sonographic marker. Others
studied markers were not strongly associated to this trisomy. The structural
malformation was present in 19% of the fetus with trisomy 21 and the most common
abnormality was cystic higroma. Conclusion: We conclude to the presence of
sonographic markers influence in the increased risk for Down syndrome. In our study,
the presence of two markers is commonly used in order to increase risk and the
thickened nucal fold is the most sensible and associated marker with this syndrome.
Here our argument is not the importance to the use of second trimester genetic
sonography for the prenatal detection of Down syndrome, by examining multiple
aneuploidy markers; but our concerning aims the women of advanced maternal age and
that the use of genetic sonography does not substitute the need of amniocentesis for
the fetal karyotype diagnosis importance.