Navegando por Palavras-chave "Transtornos heredodegenerativos do Sistema Nervoso"
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- ItemAcesso aberto (Open Access)Análise clínica e genética de pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica Juvenil(Universidade Federal de São Paulo, 2022-08-11) Souza, Paulo Victor Sgobbi de [UNIFESP]; Oliveira, Acary Souza Bulle [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/3911841387107665; http://lattes.cnpq.br/3794764488428062Formas atípicas da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) representam apresentações clínicas com evolução, história natural, achados laboratoriais e neurofisiológicos pouco habituais em relação às formas típicas do adulto. A ELA juvenil representa forma bastante rara, pouco reconhecida em nosso meio, caracterizada por sintomas e sinais motores iniciados antes dos 25 anos de idade, com base monogênica definida em 40% dos casos. O perfil clínico e genético associado à ELA juvenil é desconhecido no cenário brasileiro. Objetivos: Caracterização dos aspectos clínicos e genéticos relacionados a pacientes brasileiros com ELA juvenil e análise de novas correlações clínico-genéticas em casos de início juvenil de ELA. Métodos: Foi realizado estudo clínico retrospectivo pela análise de registros médicos de 1350 pacientes acompanhados em um centro de referência em Doença do Neurônio Motor/ELA, entre janeiro de 2001 e dezembro de 2020. Foram considerados critérios de inclusão: (i) pacientes com formas provável ou definitiva da ELA em forma típica ou atípica, segundo critérios de El Escorial revisado e de Awaji-Shima; (ii) sinais e sintomas motores iniciados antes dos 25 anos de idade; (iii) exclusão de outros diagnósticos diferenciais; (iv) não preencher critérios de exclusão; e (v) estar de acordo com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ou de Assentimento. Foram critérios de exclusão: (i) sintomas e sinais motores iniciados após os 25 anos; (ii) indivíduos assintomáticos, com alteração genética isolada relacionada à ELA; (iii) critério diagnóstico ELA possível de acordo com critérios neurofisiológicos de El Escorial revisado e de Awaji- Shima; (iv) diagnóstico de outra forma de Doença do Neurônio Motor; e (v) ausência de consentimento ou assentimento. Foram revisados aspectos clínicos, laboratoriais, neurofisiológicos, radiológicos, pontuações nas escalas de estadiamento de King’s College e Milano-Torino e na ALS Functional Rating Scale-Revised (ALSFRS-R), perfil cognitivo captado pelo teste cognitivo e comportamental ECAS, bem como análise de variantes genéticas observadas em painéis genéticos de sequenciamento de próxima geração ou no sequenciamento completo do exoma. Resultados: Total de 61 pacientes preencheram critérios de inclusão para ELA juvenil, sendo 31 pacientes do sexo feminino. A idade média ao início dos sintomas foi de foi de 16,6 (±7,7) anos e ao diagnóstico de 26,3 (±12,1) anos. Um total de 72% dos casos de ELA juvenil apresentava início espinal e dez pacientes foram a óbito no período do estudo. Contexto definidor de ELA familiar foi observado em 40,9% dos pacientes e consanguinidade familiar em 31,1% dos casos. Foram observadas as seguintes associações com formas monogênicas de ELA: SPG11 (n=12), ALS2 (n=7), SOD1 (n=5), FUS (n=3), ZFYVE26 (n=3), VAPB (n=3), SPAST (n=2), KIF5A (n=2), PRKRA (n=2), SPTLC1 (n=1), SORL1 (n=1), WASHC5 (n=1), BSCL2 (n=1), GARS (n=1), SETX (n=1), ERCC2 (n=1), MAPT (n=1) e PLA2G6 (n=1). Dois casos se relacionaram a dupla associação genética: SPG11 com TBK1; e SPAST com SPG7. A base genética monogênica permaneceu indeterminada em 19,7% dos casos. Menores pontuações iniciais no ALSFRS-R foram vistas nas formas associadas aos genes SOD1, ALS2, PRKRA e FUS. Taxas de queda anual do ALSFRS-R superiores à média foram vistas nas formas FUS e ALS2, e inferiores nas formas KIF5A, SPG11 e PRKRA. As menores pontuações médias do ECAS foram vistas nos casos associados aos genes FUS e SPG11 e as maiores ao gene SPAST. Leucoencefalopatia, atrofia cortical e de corpo caloso foram as alterações mais comumente observadas nos estudos radiológicos. Conclusões: O perfil clínico e genético da ELA juvenil é bastante complexo e heterogêneo no Brasil, sendo preponderantes as formas ligadas aos genes SPG11, ALS2 e SOD1. Novas associações genéticas puderam ser estabelecidas a partir deste estudo, mostrando importante sobreposição genética com as paraparesias espásticas hereditárias, neuropatias hereditárias e outras condições neurodegenerativas. Disfunção cognitiva é achado frequente e pouco reconhecido na ELA juvenil.