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Vozes inauditas de mulheres negras nos processos judiciais de destituição do poder familiar
(Universidade Federal de São Paulo, 2024-03-20) Teixeira, Vanina Dias [UNIFESP]; Silva, Maria Liduina de Oliveira [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/8772472007007461; http://lattes.cnpq.br/0131346964212516; Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
A discussão sobre a perda do poder familiar na particularidade de mães negras está no cerne desta pesquisa, cujo objetivo é conhecer e analisar a história de vida de mães e mulheres negras destituídas do poder familiar, no sentido de entender de que modo o racismo perpassa os autos processuais de destituição, na medida em que a condição étnico-racial e a precária condição de sobrevivência denunciam o lugar de desigualdade social e as marcas deletérias do racismo invisibilizado nos muros do poder judiciário. Partimos do pressuposto de que a destituição do poder familiar de mães negras e pobres se constituiu como um fenômeno historicamente influenciado pelas expressões da questão social e, sobretudo, pelas múltiplas determinações da questão racial inerentes à sociabilidade capitalista. Portanto, pressupõe-se que a destituição de mães negras reforça a manifestação do racismo na trajetória de vida dessas mulheres e de seus filhos ou filhas, como também legitima a desigualdade racial e a responsabilização individual dessas mulheres de tal maneira que naturaliza situações de violações de direito e desproteções sociais por parte do Estado, impossibilitando o direito à maternidade. Adotamos a História Oral como recurso metodológico para a produção de narrativas com três mulheres negras que foram destituídas do poder familiar, a fim de conhecer suas vivências e, por meio dessas histórias, apreender de que modo o racismo incide nos autos processuais de destituição do poder familiar. Somando-se a isso, realizamos uma pesquisa documental, a partir de uma abordagem qualitativa, analisando 34 autos processuais de destituição do poder familiar que tramitaram entre os anos de 2020 e 2021 na Vara da Infância e da Juventude no município de Santos/SP. Os achados da pesquisa indicam uma perversa articulação entre pobreza e racismo constitutiva de uma ordem capitalista e, à vista disso, mães negras e pobres passam a ser rés nos processos judiciais de destituição do poder familiar, enquanto mecanismos que reproduzem o racismo são escamoteados pela apreensão da branquitude, não mais como mero preconceito de cor, mas sim como estruturantes para a manutenção de privilégios da brancura sobre as demais populações. Ou seja, os resultados deste estudo demonstram que à medida que a vida dessas mulheres e mães é atravessada pela pobreza, pelo racismo e pelo sexismo, suas vozes são inauditas nos autos processuais de destituição do poder familiar, cujo papel do Estado não tem sido assegurar proteção, mas sim possibilitar que a destituição do poder familiar seja uma única solução, mormente quando se trata de mães negras e periféricas, com baixa ou nenhuma renda, que vivem em moradias precárias ou apresentem a rua como território de vivência e/ou com uso de substância psicoativa. Concluímos apontando a premência na construção de novos olhares para a realidade cotidiana dessas mães negras, cujas intervenções judiciárias possam produzir respostas na contramão do imediatismo, da banalização, da desumanização dos corpos negros e, assim, contribuir coletivamente para o enfrentamento da judicialização da vida de mães negras e para que a perda do poder familiar não seja uma resposta única de proteção assentada em nome do melhor interesse na criança.
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O impacto do desenvolvimento de novas morbidades durante o tratamento em unidade de terapia intensiva oncológica pediátrica no tempo e qualidade de vida do paciente
(Universidade Federal de São Paulo, 2024-02-20) Santos, Gabriela Maria Virgilio Dias [UNIFESP]; Caran, Eliana Maria Monteiro [UNIFESP]; Silva, Dafne Cardoso Bourguignon; http://lattes.cnpq.br/8598682271972840; http://lattes.cnpq.br/1783139918188371; http://lattes.cnpq.br/2654625309467928
Objetivos: Sobreviventes de internação em UTIs pediátricas podem sofrer alterações funcionais. Investigamos os estados funcionais de crianças e adolescentes com câncer na admissão à UTI e na alta hospitalar, e o impacto no tempo de vida dos sobreviventes. Métodos: coorte retrospectiva, em hospital oncológico de referência, de pacientes admitidos de 1º de abril de 2014 a 30 de abril de 2019. O instrumento FSS (Pediatric Functional Status Scale) foi avaliado na admissão à UTI e na alta hospitalar. A estatística envolveu as regressões: logística, de Cox e Weibull. Uma nova morbidade foi definida como aumento na FSS >= 3. Resultados: Entre 1002 pacientes, houve 128 óbitos na internação hospitalar (12,7%). Foram analisados 855 sobreviventes, dos quais 194 (22,6%) faleceram até abril/2019; 45 (5,3%) apresentaram uma nova morbidade. As médias no domínio motor à admissão e alta eram 1,37 (Desvio padrão: 0,82) e 1,53 (DP 0,95), com p = 0,003 ao teste T. No domínio alimentação, as médias eram 1,19 (DP 0,63) e 1,30 (DP 0,76), p = 0,001; as médias globais eram 6,93 (DP 2,45) e 7,2 (DP 2,94), p = 0,03. As variáveis "Insuficiência respiratória aguda com necessidade de ventilação mecânica", "escore PRISM IV", "idade menor que 5 anos" e "tumor de sistema nervoso central" foram variáveis preditivas independentes de nova morbidade na análise multivariada. Uma nova morbidade correlacionou-se com probabilidades menores de sobrevivência (considerando todas as causas de óbito) após a alta hospitalar no teste logrank (P = 0,014), e foi preditiva de morte de forma independente (Cox hazard ratio = 1,98, 95% CI: 1,18-3,32), em relação aos diagnósticos de linfoma ou leucemia, recidiva de câncer, TCTH e desnutrição. As outras duas variáveis independentes foram a desnutrição e a recidiva do câncer. Em modelos de Weibull, foi estimado um encurtamento no tempo de vida de 14,2% (P = 0,014) para nova morbidade. Conclusões: Riscos para novas morbidades estão relacionados à idade, gravidade à admissão e tumores cerebrais. Novas morbidades, por sua vez, se correlacionam com probabilidades menores de sobrevivência e um encurtamento no tempo de vida restante.
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Grupos de interesse e política cafeeira no governo Juscelino Kubitschek: a atuação de agentes privados no Instituto Brasileiro do Café
(Universidade Federal de São Paulo, 2021-05-18) Pizzani, Matheus Pires Mariniello [UNIFESP]; Tessari, Cláudia Alessandra [UNIFESP]; Barbosa, Fábio Luís dos Santos [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/8309807316441794
O objetivo do trabalho é descrever a maneira pela qual se deu a participação da Sociedade Rural Brasileira na formação da política cambial do café durante o governo de Juscelino Kubitschek como presidente da República, com foco nos anos de 1958 a 1960, período que compreende o mandato de Renato Costa Silva, ex-presidente da entidade, como presidente do Instituto Brasileiro do Café, órgão responsável pela elaboração da política cambial voltada exclusivamente para o produto. A metodologia utilizada contemplou a utilização de fontes primárias, em especial a revista “A Rural”, publicada pela Sociedade Rural Brasileira, bem como trechos de discursos de congressistas e outros atores relevantes para o bom entendimento desta temática. Como ferramenta analítica foi escolhida a teoria do neocorporativismo, que tem como objeto de estudo a relação entre grupos de interesse e entidades públicas no âmbito de democracias liberais, característica marcante deste período. O resultado obtido a partir da combinação dos elementos teóricos e históricos foi a constatação de que durante o período em questão houve uma aproximação significativa entre representantes da esfera do capital e o governo, que buscaram construir de maneira conjunta uma política que atendesse aos interesses de ambos, sendo eles: o aumento dos lucros auferidos pela venda de café, pauta de interesse do primeiro grupo, e a elevação da quantidade de divisas geradas a partir destas vendas, objetivo do segundo. A principal conclusão observada é de que a partir de um arranjo neocorporativo foi de fato possível combinar interesses que até então eram vistos como antagônicos, algo que só foi possível graças às instituições públicas do período, que ao invés de funcionarem como arena para o conflito de poderes entre as esferas previamente citadas, tornou-se um espaço de mediação e conciliação de interesses destes atores.
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A luz do Yoga como um caminho de autoconhecimento e sua relação com uma parte da vida, chamada morte
(Universidade Federal de São Paulo, 2021-12-09) Santos, Ana Guiomar dos [UNIFESP]; Rojo, Marcus Vinícius [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/8364352829571027
Introdução. Este percurso teve o propósito de conhecer o significado do Yoga e a compreensão da morte na visão desta filosofia. O Yoga nasceu na Índia, é uma tradição milenar, cuja origem se perde no tempo. Seus ensinamentos se iniciaram de forma oral por sábios, e foram sendo retransmitidos a cada geração. Yoga é um conjunto de profundos conhecimentos que envolvem saúde física, mental e espiritual; preceitos éticos e filosofia de vida. Nesta pesquisa será possível conhecer qual a relação dos conhecimentos do Yoga com uma parte da vida, chamada: morte. Parte esta que, por vezes, pode inspirar medo, ou rejeição. Segundo o Yoga, quem não está em sua plenitude com o viver, pode ter problemas ao deparar-se com esta parte da vida: a morte. Objetivo. Pesquisar os ensinamentos da filosofia do Yoga e como eles podem auxiliar a lidar com a passagem da morte física. Na filosofia do Yoga, a passagem da morte é considerada um processo evolutivo necessário, que pode ser vivido com equilíbrio, mesmo diante do sofrimento que possa apresentar. Todos os fatos da vida, na filosofia yogue, são vistos como experiências, que possibilitam uma compreensão e também um aprendizado. Uma vez que, no Yoga a essência de cada ser é eterna e vai além da morte física. Método. Estudo teórico da filosofia yogue, por meio de livros e estudos sobre a cultura indiana. Com ênfase na Katha Upanisad, nos Sutras de Patanjali e em pesquisas científicas acadêmicas. Resultados. O Yoga com suas práticas físicas de asanas e pranayamas, com suas técnicas meditativas e com sua filosofia, amplia a consciência do ser humano para uma maior percepção e compreensão de si mesmo e, consequentemente, para uma percepção mais ampla dos processos de vida e morte. Isto poderá trazer maior equilíbrio para o ser humano, perante os desafios das perdas enfrentadas ao longo da vida. Considerações finais. Este estudo representa um pouco do vasto universo do Yoga, e que ele possa proporcionar um senso de unidade e ajude as pessoas a se conectarem consigo mesmas e a trilharem um caminho que conduz o indivíduo a manter-se num estado de calma e presença, pois, os estímulos sensoriais direcionam uma saída para fora de si mesmo. Yoga conduz ao processo de descobrir esta essência que habita dentro de cada ser, e que estará com ele além da eternidade, e que a morte não é o fim, mas uma transição, de um nível de consciência material para um nível mais sutil.
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Punk e democracia no Brasil: uma leitura underground de uma democracia tutelada
(Universidade Federal de São Paulo, 2023-03-21) Mendes, Priscila [UNIFESP]; Sebastião Júnior, Acácio Augusto [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/9298810663986704; http://lattes.cnpq.br/3311664601941014
O presente trabalho reflete sobre a expressão cultural Punk como um movimento de contracultura que questionou a democracia tutelada, surgindo em meio a uma ditadura militar, para propor uma nova organização social e provocar a luta de trabalhadores e trabalhadoras, jovens, mulheres, pessoas negras e periféricas, por meio de letras contundentes, comportamentos e visuais que contrariavam o status quo.